A sociedade em redes digitais virou o jornalismo pelo avesso e confrontou vários de seus valores, objetivos e práticas. Entre os cânones mais analisados e debatidos neste metafórmico início de século está a busca da verdade e os métodos utilizados pelos jornalistas para persegui-la e apresentá-la. Com o aflorar da pós-verdade e dos "fatos alternativos" na era Trump, esse debate ganha reflexões e debates cada vez mais interessantes entre a nova e a velha mídia, ou seja, entre a imprensa tradicional e as organizações criadas já no ecossistema digital. As mudanças estão em curso, e tão velozmente que é difícil cravar tendências, mas algumas constatações vêm-se impondo nesta fase de transição.
1. O jornalismo continua a buscar a verdade dos fatos, com todas as limitações que isso implica.
É impossível alcançar a verdade, mas persegui-la é uma característica indissociável do jornalismo. "O princípio básico do jornalismo – a desinteressada busca pela verdade – é o que, no fim das contas, o diferencia de outras formas de comunicação", afirmam Bill Kovach e Tom Rosenstiel na última edição do livro "The elements of journalism" (2014). Com isso, eles não querem dizer que o jornalismo é um espelho do mundo. Mas uma tentativa de contar, da forma mais completa possível, o que acontece nele.
A polícia persegue e prende suspeitos baseado em fatos. Juízes conduzem julgamentos. Jurados definem vereditos. Indústrias são reguladas, impostos são cobrados, e leis são criadas. Ensinamos história, física e biologia às nossas crianças. Todas essas verdades – até mesmo as leis da ciência – estão sujeitas a revisão, mas trabalhamos com elas enquanto isso, porque são necessárias e funcionam. Isso é o que o jornalismo deve buscar – uma versão prática e funcional da verdade. Não se trata da verdade no sentido absoluto ou filosófico. Não é a verdade de uma equação química. O jornalismo pode – e deve – perseguir as verdades com base nas quais podemos construir o nosso dia a dia.
Bill Kovach e Tom Rosenstiel - "The elements of journalism"
O volume de informações compartilhadas na sociedade em rede tanto impulsiona como dificulta essa busca pela verdade. Mais vozes são ouvidas, mais fontes são acessadas, mais documentos são compartilhados. Isso torna a construção de uma história mais próxima da verdade buscada pelo jornalismo. E tira das mãos da grande imprensa a prerrogativa de decidir que verdade é essa. Por outro lado, a verificação é desafiada. Há uma enxurrada de fake news circulando, e muitas publicações jornalísticas admitem que a pressa de publicar se sobrepõe à necessidade de checar. Posta-se antes, pergunta-se depois.
Nesse cenário, proliferam os sites (e seções de jornais) dedicadas especificamente à checagem de fatos. Algo que sempre existiu nas redações, mas agora ganha uma potência e um abragência muito maior. Nos últimos meses, os Estados Unidos têm experimentando um boom nesse campo em decorrência da eleição de Trump. O site PolitiFact, especializado em checagem de fatos e vencedor do prêmio Pulitzer, lançou, em janeiro, uma campanha de financiamento coletivo que superou largamente as expectativas da organização. "Claro que foi por causa de Trump", disse um integrante da equipe em entrevista ao The Daily Beast. "As pessoas conhecem o nosso trabalho. E ninguém demanda mais checagem de fatos do que Donald Trump".
2. As fronteiras entre objetividade e ativismo estão cada vez mais borradas. Mas isso pode ser muito bom.
Sim, buscamos a verdade possível no jornalismo. Mas essa característica nuclear da atividade envolve novos matizes e sutilezas na sociedade em redes digitais. Entre as organizações criadas já no ambiente pós-industrial, há uma tendência a questionar a objetividade jornalística largamente defendida pela imprensa tradicional e propor novas formas de construir uma notícia. O jornalismo produzido pelos nativos digitais traz mais análise dentro das próprias matérias; em alguns casos faz-se uma clara defesa de um dos lados ou argumentos apresentados; e há muita transparência sobre como se chegou àqueles dados, àquela narrativa e àquela conclusão.
Uma emblemática discussão sobre o tema foi travada, em outubro de 2013, por Glenn Greenwald, criador de The Intercept e Bill Keller (ex-editor executivo do New York Times, na época colunista do jornal). Em sua coluna, Keller apresentou sua defesa em favor do jornalismo-objetivo-imparcial-New-York-Times-de-ser. E Greenwald respondeu por que considera todo jornalismo uma forma de ativismo. Vale ler o diálogo inteiro, mas alguns trechos resumem os argumentos apresentados por cada um deles.
Caro Glenn,
Partimos de tradições diferentes no jornalismo. Passei a vida trabalhando em jornais que apostam em um agressivo, mas imparcial, modelo de reportagem, que espera que seus repórteres e editores guardem suas opiniões para si próprios a menos que sejam alocados (como eu fui) em páginas claramente identificadas como um espaço de opinião. (...) Nessa tradição, os jornalistas têm muitas opiniões, mas ao mantê-las à parte na hora de perseguir os fatos – como um juiz em uma corte supostamente deixa de lado seus preconceitos para seguir a lei e as evidências –, eles frequentemente conseguem produzir resultados mais substanciais e com maior credibilidade".
(De Bill Keller para Glenn Greenwald)
Caro Bill,
Não há dúvidas que jornalistas da imprensa tradicional, certamente incluindo The New York Times, produziram magníficas reportagens nas últimas décadas. (...) Mas esse modelo também produziu muito jornalismo ruim e hábitos tóxicos que vêm enfraquecendo a profissão. Um jornalista que têm medo de expressar suas opiniões frequentemente vai evitar se posicionar sobre o que é verdadeiro, optando, em vez disso, por uma covarde e ineficaz formulação do tipo "aqui-está-o-que-os-dois-lados-dizem-e-eu-não-vou-resolver-os-conflitos". Isso estimula a desonestidade por parte de representantes políticos e econômicos, que sabe que podem contar com a 'objetividade' dos repórteres para reproduzir suas mentiras sem contestação (ou seja, a reportagem se limita a 'X diz Y' em vez de 'X diz Y e isso é falso'). (....) Todo jornalismo é uma forma de ativismo. Toda escolha jornalística necessariamente envolve constatações altamente subjetivas(...).
(De Glenn Greenwald para Bill Keller)
Os posicionamentos da velha e da nova mídia com relação a imparcialidade, independência e precisão no jornalismo foram alvo de um estudo elaborado pela pesquisadora Kellie Riordan para The Reuters Institute for the Study of Journalism – com base em três representantes da chamada legacy media (The Guardian, The New York Times e BBC) e três organizações digitais (Quartz, BuzzFeed e Vice News). A pesquisadora verificou que, no jornalismo contemporâneo, vem surgindo um modelo híbrido, que aborda com mais flexibilidade algumas dessas questões, absorvendo o melhor das práticas da imprensa tradicional e das novas abordagens propostas pelos nativos digitais. Mantém-se o rigor da apuração e verificação proposta pela corrente "objetivista" e se agrega a essa fórmula uma postura mais crítica sobre o cenário que vai se revelando no decorrer da reportagem. Não se deixa a tarefa de "encontrar sentido" para o consumidor: se faz uma leitura do quadro construído, se apresentam conclusões ao público. Com base em evidências e deixando claro como se chegou lá. E aí entra em cena o conceito-tendência-da-vez: transparência.
"Os defensores de um mundo pós-imparcial argumentam que 'a transparência é a nova objetividade'", afirma Kellie Riordan, citando expressão criada por David Weinberger. A fórmula de conduzir o leitor por todas as etapas de construção da reportagem, o que a pesquisadora chama de "show your work ethos", seria uma forma de ganhar a confiança da audiência, sem negar os inevitáveis preconceitos e filtros envolvidos no processo. Essa é a abordagem defendida por Jay Rosen (criador do site PressThink e professor da New York University), um dos maiores críticos da objetividade pregada pela imprensa tradicional – que ele enquadrou no conceito "the view from nowhere", algo como "visão de ninguém, ou de lugar nenhum", formulado com base na obra do filósofo Thomas Nagel.
No formato antigo [visão de lugar nenhum], diria-se: "Não tenho nenhum cavalo nesta corrida. Não estou defendendo um ponto de vista. Simplesmente estou lhe dizendo como as coisas são, e você deve aceitar isso porque eu fiz meu trabalho e não tenho nenhum interesse no resultado". Na nova abordagem [transparência], a lógica é diferente: "Veja, eu não vou fazer de conta que não tenho um ponto de vista [sobre essa situação]. Em vez disso, vou lhe mostrar como cheguei a ele. Leve isso em consideração ao ler e avaliar minha reportagem. Porque eu fiz meu trabalho e essa foi a conclusão a que cheguei.
Jay Rosen, em artigo veiculado no site PressThink (tradução nossa)
3. Em uma coisa todos concordam: precisamos de mais diversidade nas redações
Uma coisa que precisa ficar clara é que "objetividade jornalística" não deve ser confundida com "neutralidade". Mesmo os mais ferrenhos defensores da imparcialidade no jornalismo reconhecem que é impossível ser neutro diante de qualquer coisa. O que eles pregam é um rígido procedimento de apuração e formatação das notícias que tem por finalidade minimizar os preconceitos inerentes a qualquer profissional. E é nisso que os representantes da imprensa tradicional e da nova mídia começam a divergir, como discutimos no tópico anterior.
Para alguns, da linha Keller, flexibilizar essas normas significa afrouxar a guarda sobre esses preconceitos e contaminar a notícia com opiniões e valores pessoais. Para outros, da escola Greenwald, os métodos desenvolvidos para assegurar a imparcialidade podem acabar boicotando-a, porque a tentativa de dar um peso igual "aos dois lados" muitas vezes significa exatamente pender para um lado – distorcendo o princípio básico da objetividade. Revitalizado no ambiente digital, esse debate vêm provocando o surgimento de vertentes híbridas, como Kellie Riordan identificou em seu estudo, ao analisar o trabalho de organizações como a Quartz, do grupo The Atlantic, que faz "jornalismo com opinião, mas sempre baseado em evidências". "Tomamos uma posição, mas mostramos os fatos e argumentos que a sustentam", afirmou um dos editores do site, Gideon Lichfield, em depoimento para o trabalho de Riordan.
É interessante observar, também, como as próprias organizações que seguem a cartilha da objetividade vêm buscando novas formas de praticá-la, em sintonia com o espírito mais plural e democrático da era digital. Recentemente, se tem visto, em redações da imprensa tradicional, uma tentativa de minimizar os preconceitos e filtros por meio de equipes mais diversificadas. Prega-se o alargamento e na mistura de olhares e referências como uma forma de apresentar visões menos estratificadas sobre os fatos. Ainda tomando The New York Times como exemplo, o jornal anunciou, em seu último planejamento estratégico, divulgado em janeiro, que pretende contratar mais mulheres, mais pessoas de cor, mais pessoas de fora das regiões metropolitanas, mais pessoas de outras nacionalidades, mais jovens. "Cada vaga aberta é uma oportunidade de promover a diversidade", diz um trecho do relatório.
Em artigo sobre o tema veiculado na Columbia Journalism Review, Brett Cunningham faz um alerta: "Um dos mais danosos preconceitos verificados nas redações é também um dos menos discutidos, que é o preconceito de classe. (...) A maioria dos esforços das redações para ampliar a diversidade focam-se em minorias de etnia, raça e gênero, o que frequentemente envolve pessoas com diferentes tons de pele, mas basicamente a mesma formação (e aspirações) de classe média".
4. Por que essa discussão soa ingênua no Brasil?
A crise conceitual e financeira que começou a implodir a indústria jornalística brasileira no final do século XX chegou ao auge na última década. O início do século XXI marca provavelmente a mais vergonhosa e decadente fase da grande imprensa nas últimas décadas. Neste cenário, a suposta imparcialidade da imprensa tradicional no país, vendida ao público sob um manto de credibilidade, na maioria das vezes camufla um jornalismo preguiçoso, incompetente e descaradamente tendencioso, moldado de acordo com os interesses políticos e econômicos de seus donos, gestores e anunciantes.
A crise econômica mundial deslanchada no início dos anos 2000, somada à revolução no modo consumir e compartilhar informações trazida pelas inovações tecnológicas da sociedade em rede, enredou a grande imprensa brasileira num colapso que a cada dia assume uma face mais preocupante. O investimento em publicidade caiu e se diversificou. Os leitores também migraram para as novas plataformas e produtos. E, com isso, a concorrência aumentou e a receita despencou. Insistindo no modelo de negócio legitimado no século XX, a indústria jornalística começou a cortar custos, demitir profissionais, fechar redações e extinguir produtos, numa tentativa de manter suas margens de lucro. Também reforçou o tratamento sensacionalista e a espetacularização das notícias em busca de audiência de massa, na versão caça-cliques. Como golpe final, os anunciantes (públicos e privados) ganharam cada vez mais poder de barganha sobre a pauta.
Numa engrenagem como essa, em que partimos de uma estrutura já tão comprometida, parece até ingênuo propor um debate sobre as rupturas e inovações do profissão à luz do zeitgeist digital. Não é que o mercado lá fora seja perfeito. Longe disso. Mas a credibilidade da indústria jornalística nacional corroeu-se tanto que precisamos discutir questões muito mais básicas sobre o fazer jornalístico antes de nos aprofundar nos questionamentos trazidos pelo ecossistema pós-industrial.
Como discutir a objetividade tomando como parâmentro a indústria jornalística brasileira quando as relações de empregados e donos de empresas com grupos políticos e econômicos desafiam a lógica do mais básico código de ética? Quando as redações estão sendo esquartejadas por "passaralhos"? Quando o discurso da imparcialidade, entre os principais títulos da grande imprensa nacional, reside em não questionar a legalidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a série de manobras perpetradas cotidianemente pelo governo Temer e seus aliados para se safar da Justiça e se manter no poder? Quando a mídia estadual silencia diante de um dos mais simbólicos movimentos de resistência civil registrados na história recente do Recife, como é o OcupeEstelita?
Onde se leva o jornalismo minimanete a sério, a reflexão e o debate sobre a objetividade jornalística partem de uma sofisticação e honestidade intelectual e ética que, infelizmente, estão muito longe do momento vivido pela grande imprensa brasileira. De uma maneira geral, as diretrizes editoriais da indústria jornalística nacional já estão tão manchadas pelo jogo de influências político-econômico que precisamos começar pelo mais primário questionamento: o que é e para serve o jornalismo? Muitos dos gestores e profissionais que hoje estão nas redações da imprensa tradicional parecem ter se esquecido que a atividade tem, como princípio e objetivo nuclear, o interesse público. Que o jornalismo é, na mais básica definição, um meio a serviço da democracia, para manter os cidadãos informados e dar-lhes condições de se posicionar na sociedade, participar das decisões e exigir seus direitos. Essa deveria ser a única relação de proximidade do jornalismo com o poder – o poder do povo.
Para terminar com esperança: há um bem-vindo respiro, no Brasil, oriundo de organizações jornalísticas criadas já no ambiente pós-industrial, que praticam a independência editorial e entendem que o bom jornalismo ainda é o seu produto mais valioso. Neste ambiente, despontam organizações como a versão brasileira de The Intercept, comandada por Glenn Greenwald, e projetos como Agência Pública, Marco Zero e Ponte. Tema para um próximo artigo, que chega em breve por aqui.
***
As fontes usadas para a elaboração deste artigo foram:
ANDERSON, C.W.; BELL, Emily; SHIRKY, Clay. Post-industrial journalism: adapting to the present. In: Revista de Jornalismo ESPM, São Paulo, Ano 2, Número 5, Abril/Maio/ Junho de 2013, p. 30-89. Disponível em: http://www.espm.br/download/2012_revista_jornalismo/Revista_de_Jornalismo_ESPM_5/files/assets/common/downloads/REVISTA_5.pdf.>
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2013.
CUNNINGHAM, Brett. Rethinking objectivity. Columbia Journalism Review, 2003. Disponível em:
<http://archives.cjr.org/feature/rethinking_objectivity.php>
COSTA, Caio Túlio. Um modelo de negócio para o jornalismo digital. Revista de Jornalismo ESPM, vol. 9, p. 51-115, 2014. Disponível em <http://www.espm.br/download/2012_revista_jornalismo/Revista_de_Jornalismo_ESPM_9>
HERMIDA, Alfred. Tweets and truth: journalism as a discipline of collaborative verification. Vancouver: University of British Columbia, 2012. Disponível em: <http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2285177>
HOYT, Clark. Too close to home. 6 de fevereiro de 2010. The New York Times. Disponível em: <http://www.nytimes.com/2010/02/07/opinion/07pubed.html>
KAPUŚCIŃSKI, Ryszard. Os cínicos não servem para este ofício. Lisboa: Relógio D'Água, 2012
KELLER, BILL. Is Glenn Greenwald the Future of News? 27 de outubro de 2013. The New York Times. Disponível em: <http://www.nytimes.com/2013/10/28/opinion/a-conversation-in-lieu-of-a-column.html>
KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. The Elements of Journalism: What Newspeople Should Know and the Public Should Expect. Nova York: Three Rivers Press, 2014.
KÜNG, Lucy. Innovators in Digital News. London/New York: I.B. Tauris & Co, 2015.
O mercado de notícias. Dirigido por Jorge Furtado. Porto Alegre: Casa de Cinema de Porto Alegre, 2014.
RIORDAN, Kellie. Accuracy, independence, and impartiality: how legacy media and digital natives approach standards in the digital age. Reuters Institute for the Study of Journalism/University of Oxford, 2014. Disponível em: <https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/publication/accuracy-independence-and-impartiality>
RIORDAN, Kellie. Does journalism still require impartiality? 5 de setembro de 2014. The Guardian. Disponível em: <https://www.theguardian.com/commentisfree/2014/sep/05/does-journalism-still-require-impartiality>
RONSEN, JAY. The view from nowhere: questions and answers. 10 de novembro de 2010. PressThink. Disponível em: <http://pressthink.org/2010/11/the-view-from-nowhere-questions-and-answers/>
The New York Times. Journalism that stands apart: the report of the 2020 Group. Janeiro de 2017. Disponível em: <https://www.nytimes.com/projects/2020-report>
***
Daniela de Lacerda é jornalista, mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, com pesquisa sobre jornalismo digital independente no Brasil. Atualmente, faz doutorado em mídias digitais na Universidade Nova de Lisboa. Trabalhou por 18 anos como repórter e editora em jornais e revistas da imprensa tradicional brasileira, no Recife e em São Paulo.