Cícero Belmar lança nesta quarta "Ainda há uma brisa"

Primeiro livro de crônicas do escritor será lançado a partir das 19 horas na Academia Pernambucana de Letras, nas Graças, e tem selo da Editora Bagaço

No novo livro, Cícero Belmar envereda por crônicas intimistas, que revelam seu lado mais interior, suas origens e a poesia do Sertão
No novo livro, Cícero Belmar envereda por crônicas intimistas, que revelam seu lado mais interior, suas origens e a poesia do Sertão

Nesta quarta-feira, 5, a partir das 19h, o escritor pernambucano Cícero Belmar estará lançando um novo livro, “Ainda há uma brisa”, onde apresenta 25 crônicas reeditadas do trabalho que faz para revista eletrônica Rubem. As crônicas selecionadas, entre centenas que o autor escreveu nos últimos anos, têm a ver com as origens do sertanejo Belmar, e falam do Interior de Pernambuco, especialmente de Bodocó, cidade natal do escritor. O lançamento acontecerá na Academia Pernambucana de Letras. 

A escolha do título já indica o lirismo e poesia contidas no texto do sertanejo. “O nome do livro “Ainda há uma brisa” é uma frase que tem dentro da crônica chamada Paisagem originária. Ela refere-se à varanda da casa dos meus pais no Sertão, onde ainda corre uma brisa. O editor da Rubem, Anthony Almeida, gostou e sugeriu que eu usasse.”, explica Belmar.

O livro, diz Belmar, apesar de ser uma seleção de textos ja publicados, falam “muito de uma viagem interna minha, uma viagem para dentro de mim. É um livro que tem muitas coisas que me dizem respeito. Acho que consigo trazer uma narrativa mais poética, mais sensível, mais delicada de ser.”

Contista, romancista, autor de teatro e de livros infantis,  Belmar enveredou pelas crônicas em 2018, quando comecou a colaborar quinzenalmente com a revista eletrônica Rubem, editada no Paraná. Um exercício que o encantou.

 “A crônica é um gênero que eu acho que é muito mais próximo, sabe? Apesar de as pessoas acharem que a crônica é um gênero menor, eu não concordo, porque hoje eu percebo que para escrever crônica você fica assim, no limiar…Ela é mais poética, mais simples e mais engraçada, você tem que ter muito cuidado com as palavras. Se você resvalar para um lado, você pode cair tanto no grosseiro quanto no mau gosto, quanto no sem graça. A crônica não é uma coisa vaga, simples ou banal, não. Ela tem uma simplicidade sofisticada.”

A identificação com gênero foi tamanha, que o autor pretende, mais adiante, lançar um segundo livro de crônicas. “Dessa vez como se fosse uma viagem para fora, com as crônicas mais divertidas,  do dia a dia do Recife, crônicas de análise e de reflexões.”, explica. 

“Hoje eu digo que eu também sou cronista, porque eu já cheguei num nível que eu me vejo como cronista. Então, assim, eu tenho os contos, tenho o romance, mas também sou um cronista.

Jornalista de formação, Cícero Belmar acredita que a crônica também é algo mais próximo do jornalismo. “Porque ela busca essa linguagem mais fácil, mais acessível.  Ela é mais simples do que uma linguagem de um conto, que é mais rebuscada.”

Por causa do exercício da profissão, quando começou a escrevê-las, Belmar acreditava que obrigatoriamente devia ter um “fato”. Depois descobriu que não era bem isso. Hoje em dia eu não penso mais dessa forma. Você tem que escrever a crônica do seu dia a dia, das coisas que você está vendo, das formigas que andam no chão, das abelhas, da planta que você ganhou. Não precisa de um fato jornalístico. Inclusive, a crônica hoje mudou. O local dela de publicação não é mais o jornal. A crônica hoje está nas redes sociais.”

Apesar da paixão pelo novo gênero recém-descoberto, Belmar continua ligado ao romance. “Continuo escrevendo, tenho concluído um romance que se chama Lolita, aliás, um romance que se chama “Quem Não Conhece Lolita Não Conhece o Recife”,  que resgata a história de uma personagem que foi muito famosa aqui no Recife, chamada Lolita, que era um gay, que viveu no Recife entre os anos 50, 60, 70 e até 80, e era um gay assim, que nem uma Madame Satã do Recife.

O livro está pronto, faltando apenas ser publicado. “Acho que toda cidade grande deve ter suas Madame Satãs. O Recife tinha Lolita, que batia em soldado, mas que era gay. E esse livro está concluído, foi um livro que levei cinco anos para escrever, por causa da linguagem.”

O lançamento desta quarta será junto ao de outros dez autores, que assim como Cícero Belmar, terão seu livro publicado com o selo da Editora Bagaço. São eles: “Boa noite, Maria e outros contos”, de Admaldo Matos de Assis; “O escritor e o leitor”, de Lucilo Varejão Neto; “A palavra em prece e outros poemas”, de Lourdes Nicácio e Silva; “O grão do amor e os outros grãos”, de Paulo Gustavo;”A arca”, de Lourival Holanda; “O signo precário ou o poema à linha d`água”, “Causos”, de Haidée Camelo Fonseca; “Sob o ouro e o altar”, de Eduardo Paixão; “Faces do Mangue”, de Paulo Caldas e “Dano e responsabilidade: o Estado de necessidade no Direito Civil”, de Silvio Neves Baptista. 



Lançamento

"Ainda há um brisa"

Cícero Belmar

100 páginas

Editora Bagaço

Local: Jardins da Academia Pernambucana de Letras

Horario: A partir das 19h

Local: Av. Rui Barbosa, 1696, Graças