Partindo das questões que cercam o “final feliz” das histórias de amor, a escritora espanhola Esperanza Luque convida o público jovem a embarcar em uma narrativa colaborativa pelo passado, presente e futuro de Charlotte, personagem principal de Outras versões de nós, sua obra mais recente.
Publicado no Brasil pela Mood, selo de literatura jovem do grupo Ciranda Cultural, o livro de Luque se apossa do gênero livro-jogo através do conceito de “escolha sua própria aventura”. Popularizado nos Estados Unidos durante as décadas de 1980 e 1990, esse tipo de livro permite que os próprios leitores participem ativamente da construção da história através de escolhas que mudam o decorrer da narrativa.
De maneira geral, é bem simples. Após algumas páginas de leitura, o livro lhe dá diferentes escolhas sobre como a trama deve seguir e indica a página que deve ser lida em seguida, com base na sua escolha. Seguindo assim pelas diversas situações, o leitor pode escolher as versões da história de sua preferência, até chegar ao final. Depois, caso deseje, pode ler o livro tomando novas decisões e assim descobrir versões diferentes da anterior.
Em Outras versões de nós, a protagonista é Charlotte, uma artista de coração partido que encontra uma misteriosa vidente que lhe permite mudar decisões tomadas no passado. A partir desse cenário, os leitores podem percorrer até seis diferentes tramas que variam entre comédia romântica, história natalina e enredo escolar. Para somar ainda mais à experiência, fica na mão dos leitores se tudo isso vai se passar na Era Vitoriana, durante a Segunda Guerra Mundial ou outro período temporal.
Através de cada escolha é possível questionar definições e conceitos próprios, permitindo que o livro funcione como um espelho e assim, propor reflexões íntimas. Ao escrever uma obra interativa, Esperanza Luque passa aos seus leitores a mensagem de que não existe apenas um final feliz e sim, diversos caminhos a serem percorridos e vivenciados com autenticidade.