A escritora cearense Socorro Acioli é uma das vozes mais potentes da literatura brasileira contemporânea. Com uma escrita sensível, imaginativa e enraizada nas tradições do Nordeste, ela constrói pontes entre o popular e o poético, o real e o fabuloso.
Neste domingo, 5 de outubro, ela será uma das atrações da 15ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, com a palestra “La Isla Bonita - Sobre espantos, delírios e santos", a partir das 16h, que será mediada pelo jornalista e crítico literário Schneider Carpeggiani.
Quem já leu os livros da cearense, conhece sua prosa lúdica, pautada no realismo fantástico, mas com sotaque nordestino. Características que ela desenvolveu quando foi selecionada para o ateliê de criação de romances ministrado por Gabriel García Márquez na Escola de Cinema de San Antonio de los Baños, em Cuba, experiência que marcaria sua trajetória.
Foi sob a orientação do escritor colombiano que Acioli escreveu o romance A cabeça do santo (2014), obra que mistura realismo mágico e religiosidade popular. O livro, premiado e traduzido para diversos idiomas, acompanha a jornada de um jovem errante que encontra abrigo dentro da cabeça oca de uma estátua de santo, num vilarejo árido do sertão.
Além da palestra, a escritora também fará uma sessão de autógrafos dos seus livros logo após a conversa com os leitores. Os que pretendem ir até a Bienal apenas para conhecer Socorro Acioli têm que ter disposição: com lugares limitados, as filas de espera para entrar no auditório onde Socorro Acioli falará começam a ser preenchidos duas horas antes.
Aline Bei e Itamar Vieira
Outra integrante da nova geração de escritoras, Aline Bei é uma voz feminina que vem merece ser lida e conhecida. No último sábado ela arrastou centenas de pessoas para sua palestra na Bienal, que enfocou a trilogia de livros concluída em julho com o lançamento de Uma delicada coleção de ausências, que foi precedido por Pequena Coreografia do Adeus (2021) e O Peso do Pássaro Morto (2017).
Foi justamente para falar nesses três livros, que a escritora foi convidada à Bienal. “As minhas três obras formam uma trilogia involuntária.”, explicou Aline.
Jovem para a profundidade da sua escrita, a autora afirma que sua inspiração vem do teatro, local onde se formou. “Então, o modo como eu olho para o espaço, para a palavra, para as histórias, têm muito a ver com uma construção de personagem que eu experimentei lá na minha infância e adolescência.”
Nesse intervalo de oito anos entre O peso do pássaro morto, que narra a vida de uma mulher comum atravessada por perdas e silêncios; Pequena coreografia do adeus, que retrata Júlia, uma menina que cresce entre a ausência da mãe e o distanciamento do pai e, finalmente, Uma delicada coleção de ausências, um livro de uma autora em paz com suas feridas, Aline constrói uma poética da ausência e da resistência. Sua literatura, como fica claro nas três obras, nasce de um lugar íntimo, feminino e contemporâneo, mas fala de algo universal: o esforço de continuar existindo apesar da perda.
Logo após a participação de Aline Bei, o público da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco pode conferir uma conversa com o escritor Itamar Vieira. Itamar também focou na sua triologia rural, iniciada com Torto Arado (2019), romance localizado na Chapada Diamantina que lhe trouxe um sucesso que ele jamais esperava: foi vencedor do Prêmio Jabuti e do Oceanos.
O livro se desdobrou em Salvar o Fogo (2023), onde a narrativa se desloca para outro cenário e por outro tempo, mas mantém o foco nas relações entre terra, corpo e poder. Coração sem medo, seu último livro, mantém esse universo, mas só será lançado no final deste mês.
Serviço - Bienal Internacional do Livro de Pernambuco
De 3 a 12 de outubro de 2025
No Pernambuco Centro de Convenções – Olinda
Ingressos antecipados em: https://zig.tickets/eventos/xv-bienal-internacional-do-livro-de-pernambuco-edicao-2025
