Dois clássicos de Rimbaud

A Pernambuco publica duas traduções inéditas de Rimbaud - Le bateu ivre (O barco bêbado) e Conte (Conto) devem sair em livro ainda este ano, na Obra completa, pelo Clube de Literatura Clássica

Estes dois textos de Rimbaud devem sair em livro ainda este ano, na Obra completa, pelo Clube de Literatura Clássica, comemorando os 170 anos de Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, que nasceu a 20 de outubro de 1854. Não cabe aqui explicar nada das traduções, para além das notas que venho elaborando do modo mais conciso que consigo. Digo apenas que busquei um equilíbrio complexo entre o sofisticadíssimo domínio formal (metro, rima, tessitura sonora, construção imagética, densidade existencial, bem como a quebra dessas mesmas coisas) e o encontro de diversas linguagens: o jargão erudito da época, os coloquialismos das ruas, os ecos de usos da região das Ardenas, os literatismos, a linguagem científica etc. Rimbaud é tudo, menos um monólito; pede traduções que tentem dar conta dessa trama inextrincável que se chama vida-e-obra, que só pode acontecer quando a obra vira mesmo coisa viva.

Bateau ivre

Comme je descendais des Fleuves impassibles,
Je ne me sentis plus guidé par les haleurs:
Des Peaux-Rouges criards les avaient pris pour cibles,
Les ayant cloués nus aux poteaux de couleurs.

J’étais insoucieux de tous les équipages,
Porteur de blés flamands ou de cotons anglais.
Quand avec mes haleurs ont fini ces tapages,
Les Fleuves m’ont laissé descendre où je voulais.

Dans les clapotements furieux des marées,
Moi, l’autre hiver, plus sourd que les cerveaux d’enfants,
Je courus! Et les Péninsules démarrées
N’ont pas subi tohu-bohus plus triomphants.

La tempête a béni mes éveils maritimes.
Plus léger qu’un bouchon j’ai dansé sur les flots
Qu’on appelle rouleurs éternels de victimes,
Dix nuits, sans regretter l’œil niais des falots!

Plus douce qu’aux enfants la chair des pommes sures,
L’eau verte pénétra ma coque de sapin
Et des taches de vins bleus et des vomissures
Me lava, dispersant gouvernail et grappin.

Et dès lors, je me suis baigné dans le Poème
De la Mer, infusé d’astres, et lactescent,
Dévorant les azurs verts; où, flottaison blême
Et ravie, un noyé pensif parfois descend;

Où, teignant tout à coup les bleuités, délires
Et rhythmes lents sous les rutilements du jour,
Plus fortes que l’alcool, plus vastes que nos lyres,
Fermentent les rousseurs amères de l’amour!

Je sais les cieux crevant en éclairs, et les trombes
Et les ressacs et les courants: je sais le soir,
L’Aube exaltée ainsi qu’un peuple de colombes,
Et j’ai vu quelquefois ce que l’homme a cru voir!

J’ai vu le soleil bas, taché d’horreurs mystiques,
Illuminant de longs figements violets,
Pareils à des acteurs de drames très antiques
Les flots roulant au loin leurs frissons de volets!

J’ai rêvé la nuit verte aux neiges éblouies,
Baiser montant aux yeux des mers avec lenteurs,
La circulation des sèves inouïes,
Et l’éveil jaune et bleu des phosphores chanteurs!

J’ai suivi, des mois pleins, pareille aux vacheries
Hystériques, la houle à l’assaut des récifs,
Sans songer que les pieds lumineux des Maries
Pussent forcer le mufle aux Océans poussifs!

J’ai heurté, savez-vous, d’incroyables Florides
Mêlant aux fleurs des yeux de panthères à peaux
D’hommes! Des arcs-en-ciel tendus comme des brides
Sous l’horizon des mers, à de glauques troupeaux!

J’ai vu fermenter les marais énormes, nasses
Où pourrit dans les joncs tout un Léviathan!
Des écroulements d’eaux au milieu des bonaces,
Et les lointains vers les gouffres cataractant!

Glaciers, soleils d’argent, flots nacreux, cieux de braises!
Échouages hideux au fond des golfes bruns
Où les serpents géants dévorés des punaises
Choient, des arbres tordus, avec de noirs parfums!

J’aurais voulu montrer aux enfants ces dorades
Du flot bleu, ces poissons d’or, ces poissons chantants.
— Des écumes de fleurs ont bercé mes dérades
Et d’ineffables vents m’ont ailé par instants.

Parfois, martyr lassé des pôles et des zones,
La mer dont le sanglot faisait mon roulis doux
Montait vers moi ses fleurs d’ombre aux ventouses jaunes
Et je restais, ainsi qu’une femme à genoux…

Presque île, ballottant sur mes bords les querelles
Et les fientes d’oiseaux clabaudeurs aux yeux blonds.
Et je voguais, lorsqu’à travers mes liens frêles
Des noyés descendaient dormir, à reculons!

Or moi, bateau perdu sous les cheveux des anses,
Jeté par l’ouragan dans l’éther sans oiseau,
Moi dont les Monitors et les voiliers des Hanses
N’auraient pas repêché la carcasse ivre d’eau;

Libre, fumant, monté de brumes violettes,
Moi qui trouais le ciel rougeoyant comme un mur
Qui porte, confiture exquise aux bons poètes,
Des lichens de soleil et des morves d’azur;

Qui courais, taché de lunules électriques,
Planche folle, escorté des hippocampes noirs,
Quand les juillets faisaient crouler à coups de triques
Les cieux ultramarins aux ardents entonnoirs;

Moi qui tremblais, sentant geindre à cinquante lieues
Le rut des Béhémots et les Maelstroms épais,
Fileur éternel des immobilités bleues,
Je regrette l’Europe aux anciens parapets!

J’ai vu des archipels sidéraux! et des îles
Dont les cieux délirants sont ouverts au vogueur:
— Est-ce en ces nuits sans fonds que tu dors et t’exiles,
Million d’oiseaux d’or, ô future Vigueur?

Mais, vrai, j’ai trop pleuré! Les Aubes sont navrantes.
Toute lune est atroce et tout soleil amer:
L’âcre amour m’a gonflé de torpeurs enivrantes.
Ô que ma quille éclate! Ô que j’aille à la mer!

Si je désire une eau d’Europe, c’est la flache
Noire et froide où vers le crépuscule embaumé
Un enfant accroupi plein de tristesse, lâche
Un bateau frêle comme un papillon de mai.

Je ne puis plus, baigné de vos langueurs, ô lames,
Enlever leur sillage aux porteurs de cotons,
Ni traverser l’orgueil des drapeaux et des flammes,
Ni nager sous les yeux horribles des pontons.

O barco bêbado

E como eu descendesse os Rios impassíveis,
Eu parei de sentir a mão dos sirgadores.
Peles-Vermelhas, com seus gritos mais horríveis,
Pregaram todos nus sobre estacas de cores.

Eu nem sequer pensei nos meus equipamentos,
Fosse trigo flamengo ou algodão inglês.
Adeus meu singrador, adeus gritos, tormentos:
O Rio me deixou descer ali de vez.

No marulho feroz das ondas e marés,
Eu, antes mais boçal que a cuca das crianças,
Então corria! E nem Penínsulas sem pés
Pegaram quiproquós com tais intemperanças.

A borrasca benzeu-me as auroras marítimas.
Mais leve que uma rolha, ali dancei rondós
Nas ondas desse eterno embalador das vítimas,
Dez noites, junto ao olho idiota dos faróis!

Mais doce que maçã azeda pra criançada,

A água verde invadiu o meu casco de pinhos
E me lavou, largando arpéu e leme, em cada
Mácula vomitada pelo azul dos vinhos.

Foi aí que tomei meu banho no Poema
Do Mar, uma infusão astral e latescente,
Devorando o azul-verde; onde um lívido edema
De afogado pensante afunda eventualmente;

Onde, tingindo azuis, os delírios, as iras
E os ritmos lerdos sob um dia de fulgores,
Mais fortes que a cachaça e mais vastos que as liras,
Fermentam os carmins amaros dos amores!

Eu sei céus de clarões e coriscos, sei trombas,
Eu sei ressacas e marés: o anoitecer,
A Alba exaltada igual a revoada de pombas,
E vez por outra eu vi o que o homem crê ver!5

Eu vi manchas no sol, por arrepios místicos,
Que baixo iluminava em coágulos violetas,
Feito atores ferais de dramas agonísticos,
A onda embalando ao longe os elãs das palhetas!

Eu sonhei noite verde em neves deslumbradas,
Beijo subindo o olhar dos mares com langores,
Toda a circulação das seivas impensadas
E a aurora loura-azul dos fósforos cantores!

Eu segui, mês a mês, que nem as vacarias
Histéricas, o mar mordendo abrolho, insano,
Sem nem sonhar que os pés luzentes das Marias
Poderiam forçar a fuça no Oceano!

Eu bati, você sabe, as Flóridas sem médias,
Misturando na flor uns olhos de jaguares
Em peles de homens! Arco-íris, em tesas rédeas
Desse glauco tropel, no horizonte dos mares.

Eu vi o fermentar de enormes brejos, covos
Onde um Leviatã pubava nos juncais!
Em plena calmaria as quedas sem estorvos
E a lonjura abismando em sons cataratais!

Onda nácar, glaciar, sol prata, céu em brasas!
As cobras colossais, comidas por insetos,
Na horrenda encalhação parda das angras rasas,
Tombando dos cipós com seus perfumes pretos.

Eu queria mostrar pras crianças as douradas
De uma onda azul, o peixe-ouro, os peixes cantantes.
A espuma em flor ninou derivas desgarradas,
E ventos que nem sei me alaram por instantes.

Mártir que se fartou da zona paralela,
O mar me soluçava embalos doces, velhos,
Trazendo flor de sombra em ventosa amarela,
E eu me postrava ali, senhora já de joelhos...

Quase ilha, a chacoalhar pras margens essas aves
Cheias de berro, bosta e olhos cor de méis,
E eu navegava até que em minhas redes suaves
Descia um afogado a dormir de revés!...

Mas eu, barco perdido entre cabelos de ansas,
Que o furacão num ar sem aves já deságua;
Eu, que nem Monitor, nem veleiro das Hansas
Me pescava a carcaça embebedada d’água;

Livre, fumando, em meio a brumas violetas,
Eu que rasgava o céu roxoso feito um muro,
Que trago aqui, pitéu de primeira aos poetas,
Puros liquens de sol, ranho de azul escuro,

Que corria manchado em lúnulas elétricas,
Prancha doida seguindo os cavalos-marinhos,
Quando julho quebrava entre bordoadas tétricas
Nos ardentes funis de céus ultramarinos;

Eu que tremia, ouvindo a léguas os rebus
De Beemotes em cio e maelstrômios leitos,
Eterno tecelão das inércias azuis,
Sinto falta de Europa e velhos parapeitos!

Eu vi muitos astrais arquipélagos! e ilhas
De insanos céus se abrindo ao seu navegador:
— Você dorme e se exila em noites sem partilhas,
Ah milhão de aves d’ouro, ah futuro Vigor? —

E sim, chorei demais! Albas são torturantes.
Toda lua é atroz, todo sol de amargar:
O azedo amor me encheu de ópios inebriantes.
Que a quilha se arrebente! E eu trilhe para o mar!

Se eu desejar uma água europeia, é só charco
Gelado e preto em que, à noitinha perfumada,
Um moleque agachado e triste lança um barco,
Borboleta de maio em frágil revoada.

Ondas, não posso mais, banhado em tal canseira,
Tomar a esteira dos navios de algodão,
Nem cruzar a altivez de estandarte e bandeira,
Nem nadar sob o olhar medonho de um pontão.

NOTAS

1 Temos uma cópia de Verlaine deste poema, que teria vindo junto com Rimbaud a Paris, em 1871, a convite do próprio Verlaine; o poeta também o chamou por vezes de “Bateau extravagant” (“O barco extravagante”) e de “Le vaisseau ivre” (“A nau bêbada”). Um fato fascinante é que Rimbaud ainda nem tinha conhecido o mar e, por isso, se baseia apenas em leituras, como da revista Le Magasin pittoresque, mas também de obras de autores como Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Jules Verne, Leconte de Lisle, Baudelaire (“A viagem”), Coleridge, (“A balada do velho marinheiro”) e Heredia, entre outros.

2 Trata-se dos rebocadores humanos que a pé puxavam o barco pelas margens de um rio, usando sirgas, ou cordames pesados. Uma prática hoje quase extinta.

3 Provável alusão ao mito das ilhas flutuantes, como seria o caso da grega Delos, antes do nascimento de Apolo e Ártemis. A história das navegações modernas reanimou um pouco dessas lendas por mais alguns séculos.

4 Vale atentar que o pinho é uma madeira que apodrece facilmente na água. E o vinho azul (vin bleu) não tem nada a ver com a novidade modernosa das adegas; é uma designação para o vinho tinto de baixa qualidade servido em vários ambientes dos séculos XVIII e XIX.

5 Possível eco das Epístolas de São Paulo.

6 O impressionante efeito sonoro do verso em francês, com sua imagem vinculada às folhas ou palhetas das janelas (volets) que tremulam e replicam as ondas, me fez optar por essa solução um tanto obscura, à primeira vista, para o leitor brasileiro.

7 Trata-se das noctilucas que, por serem fluorescentes, iluminam zonas do mar à noite.

8 Podem muito bem ser lidas como uma das “Penínsulas sem pés” já mencionadas.

9 Uma possível imagem instigante para as algas que retardam o barco.

10 O monitor era um navio encouraçado que servia como protetor para os navios comerciais. As Hansas foram uma liga de mercadores sobretudo na zona báltica, daí os hanseáticos.

11 Julho é o símbolo máximo do verão.

12 Clara referência à Bíblia (livro de ), como o Leviatã uns versos atrás, seguida da prosa de Edgar Allan Poe, Uma descida ao Maelstrom, onde o Maelstrom é descrito como “um terrível funil”.

13 Esse tipo de ambiente é mais comum no norte da França e na Bélgica.

14 O pontão aqui pode evocar as plataformas usadas para embarcar e desembarcar prisioneiros deportados, como aqueles que tomaram parte na Comuna de Paris, em 1871.

Conte

Un Prince était vexé de ne s’être employé jamais qu’à la perfection des générosités vulgaires. Il prévoyait d’étonnantes révolutions de l’amour, et soupçonnait ses femmes de pouvoir mieux que cette complaisance agrémentée de ciel et de luxe. Il voulait voir la vérité, l’heure du désir et de la satisfaction essentiels. Que ce fût ou non une aberration de piété, il voulut. Il possédait au moins un assez large pouvoir humain.

Toutes les femmes qui l’avaient connu furent assassinées. Quel saccage du jardin de la beauté! Sous le sabre, elles le bénirent. Il n’en commanda point de nouvelles. — Les femmes réapparurent.

Il tua tous ceux qui le suivaient, après la chasse ou les libations. — Tous le suivaient.

Il s’amusa à égorger les bêtes de luxe. Il fit flamber les palais. Il se ruait sur les gens et les taillait en pièces. — La foule, les toits d’or, les belles bêtes existaient encore.

Peut-on s’extasier dans la destruction, se rajeunir par la cruauté! Le peuple ne murmura pas. Personne n’offrit le concours de ses vues.

Un soir il galopait fièrement. Un Génie apparut, d’une beauté ineffable, inavouable même. De sa physionomie et de son maintient ressortait la promesse d’un amour multiple et complexe! d’un bonheur indicible, insupportable même! Le Prince et le Génie s’anéantirent probablement dans la santé essentielle. Comment n’auraient-ils pas pu en mourir? Ensemble donc ils moururent.

Mais ce Prince décéda, dans son palais, à un âge ordinaire. Le prince était le Génie. Le Génie était le Prince.

La musique savante manque à notre désir.

Conto

Um Príncipe se chateou por só ter se dedicado à perfeição das generosidades mais banais. Ele previa incríveis revoluções do amor e suspeitava que as esposas podiam mais do que essa complacência enfeitada de céu e luxo. Ele queria ver a verdade, a hora do desejo e da satisfação essenciais. Fosse ou não fosse aberração de piedade, ele quis. Detinha pelo menos um vasto poder humano.

Toda mulher que o conhecia foi assassinada. Que estrago no jardim da beleza! Sob o sabre, elas o abençoaram. Ele não mandou vir outras. — As mulheres ressurgiram.

Ele matou todos que o seguiam, depois da caça ou das libações. — Todos o seguiam.

Ele se divertiu em degolar bichos de luxo. Ele mandou queimar o paço. Ele pulava em cima das pessoas e picava em pedacinhos. — A multidão, as telhas de ouro, os lindos bichos ainda existiam.

Existe êxtase na destruição, rejuvenescimento pela crueldade?! O povo não deu um pio. Ninguém soltou seu parecer.

Uma noite ele vinha galopando orgulhoso. Um Gênio apareceu, de uma beleza inefável, e até inconfessável. Da fisionomia e do porte emanava a promessa de amor múltiplo e complexo! de alegria indizível, e até insuportável! O Príncipe e o Gênio se aniquilaram provavelmente na saúde essencial. Como não morreriam disso? Juntos então morreram.

Mas o Príncipe faleceu, no seu paço, numa idade comum. O Príncipe era o Gênio. O Gênio era o Príncipe.

Falta ao nosso desejo a música erudita.

Nota da Redação: Tradução original e inédita realizada com exclusividade para o Clube de Literatura Clássica

Guilherme Gontijo Flores (Brasília, DF, 1984) é poeta, tradutor
e ensaísta. Professor de Língua e Literatura Latina da Universidade Federal do Paraná e doutor em Letras pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado na Unesp-Araraquara. Fundador do coletivo de poesia e tradução e performance Pecora Loca. Foi cocriador e coeditor da revista escamandro: poesia tradução crítica, de 2011 a 2022.

Recebeu os prêmios APCA e Jabuti de tradução por A anatomia da melancolia, de Robert Burton. Traduziu ainda: Elegias de Sexto Propércio (Autêntica, 2014, vencedor do Prêmio Paulo Rónai, da Fundação Biblioteca Nacional), Fragmentos completos de Safo (Editora 34, 2017, vencedor do Prêmio APCA), Epigramas de Calímaco (Autêntica, 2019) e Pantagruel e Gargântua, de Rabelais (Editora 34, 2021).

É autor dos livros de poesia Brasa enganosa (Patuá, 2013), Carvão:: capim (Editora 34, 2018), Todos os nomes que talvez tivéssemos (Kotter/Patuá, 2020), Potlatch (Todavia, 2022), e Ranho e sanha (Círculo de Poemas, 2024), entre outros títulos; e do romance História de Joia (Todavia, 2019).