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A narrativa do texto que se segue é uma ficção insolentemente decalcada de eventos reais da história privada e pública do Brasil, dos brasileiros e do nascimento de um livro.

Foram atípicas as férias de 2013. A concentração de pessoas em frente ao Teatro Castro Alves anunciava que havia, de fato, algo muito incomum acontecendo nas ruas de Salvador e do resto do país naquele movimentado 20 de junho. O professor, que só visitava o Brasil uma vez por ano para ver família e amigos, não esperava se encontrar em meio a uma multidão de intenções tão distintas: o ufanismo do hino nacional atravessava bandeiras vermelhas e bandeiras vermelhas atravessavam as margens plácidas da primeira capital brasileira. José Luiz Passos, tentando aproveitar seus dias de descanso das aulas na UCLA, foi pra rua ver qual era. E era estranho. De volta a Los Angeles, pouco tempo depois surge em sua caixa de entrada o convite do amigo e editor Marcelo Ferroni: o próximo volume da Granta está convidando escritores para falar sobre “traição” e você, Zé Luiz, bem poderia escrever algo nessa linha. Pode ser sobre traição política? Sim, pode. Surgia ali Marinheiro só, um conto sobre dois personagens históricos: Floriano Peixoto e Silvino de Macedo. O primeiro, famoso, petrificado em bronze numa das praças mais famosas do Rio de Janeiro. O segundo, tão anônimo dos livros de história quanto o rapaz que foi preso no mesmo 20 de junho de 2013 com um frasco de Pinho Sol e uma água sanitária dentro da bolsa: “porte de aparato incendiário ou explosivo”.

"Porque a gênese do passado está no presente, não o contrário.” 

O despertador bate seis da manhã do dia 29 de agosto de 2016 no residencial bairro de Sherman Oaks, em Los Angeles. Mas nos bairros de Itaquera, Aldeota, Encruzilhada e na Cinelândia, de onde o monumento ao marechal Floriano Peixoto a tudo assiste, já são 10h da manhã, comércio e trânsito a pleno cansaço. O mapa se dobra e a distância entre a casa da zona norte da cidade californiana e os bairros brasileiros se encontra num só ponto: o último pronunciamento da presidenta eleita, no parlatório do Senado Federal. O escritor lá longe assiste a tudo pela internet. Rapidamente, o discurso chega na íntegra às redes sociais. José Luiz Passos liga para seu editor no Brasil: Marcelo, é possível incluir esse discurso de Dilma no livro? Não dá mais, a resposta vem sucinta. Não tem como dar um jeito? Silêncio, gole de café. Você tem duas horas pra mudar o que quer mudar e eu resolvo aqui. Duas horas depois, todas as alterações foram enviadas. O romance estava pronto, enfim, para ser publicado. O marechal de costas foi para o prelo.

“É um país de homens, e os homens são porcos.”

República Velha, biografias heroicas escritas pelo exército na mesma mesa dos relatos pouco afáveis que a esquerda deixou registrados sobre aquele personagem estampado na antiga cédula de 100 cruzeiros. Depois de uma intensa pesquisa sobre Floriano Peixoto, eis que surge a imagem de um gesto, um aceno vago que o marechal faz com a mão, interpretado de três maneiras diferentes, completamente distintas e conflitantes. Poderia significar “prossiga!”, como poderia indicar “dispersar!”, como poderia dizer “avante!”. A cena sobre esse gesto confuso, tão escorregadio quanto a pena que registra a História, é descrita no conto Marinheiro só, publicado em 2015 na coletânea nº 13 da Granta Brasil. E é para ela que Marcelo Ferroni descansa o olhar e vaga em ideias. Aconselha o amigo professor e escritor: isso rende mais do que um conto, há energia narrativa aí para um romance inteiro. Sim, é possível transbordar Floriano, e mesmo o invisível Silvino de Macedo, pensa José Luiz. A memória recente das férias no Brasil em junho de 2013 ressoa.

“Ele se admira, pensando que ela não fizesse diferença entre generais e fadas.”

A média de alunos na aula de Introdução à Cultura Brasileira, se a aula é dada em inglês, alcança o número 60, o que se torna muitas vezes exaustivo. Cobre o período que vai da Carta de Pero Vaz de Caminha até o filme O som ao redor, um país entre a idílica promessa do Eldorado à frustração temerária dos condomínios fechados. Mas o semestre se encerrava na UCLA e a temperatura chegava em amenos 15 graus Celsius na ensolarada cidade dos anjos, quando vem a notícia do Brasil de uma doença na família. Uma batalha se desenha no horizonte e precisa ser vencida. Um mês depois, janeiro de 2016, é o próprio José Luiz Passos quem sente na pele as reverberações de um diagnóstico não esperado. Na sua agenda, agora, há uma cirurgia em março seguida de um tratamento que vai durar pelo menos seis meses. Primeiras medidas: pedir o ano sabático que a universidade já lhe devia, pedir ajuda a quem fosse preciso e, claro, terminar o livro sobre o marechal Floriano, que não era exatamente sobre Floriano, nem exatamente sobre Silvino de Macedo, nem exatamente sobre ninguém, mas sobre a possibilidade de escutar os ecos da História.

"Os idiotas agitavam baionetas gritando slogans republicanos. Mas esta não era a opinião de Floriano. A rigor, nenhuma das duas posições era a dele. O marechal continuava insondável.”

Guerra do Paraguai. Solano López, o inimigo maior, parece conhecer bem o território pantanoso daquela extensão do Uruguai por onde pretende levar o exército paraguaio a avançar rumo ao sul do Brasil. Mas no momento em que o soldado lhe passa os binóculos e López avista os três balões militares da armada brasileira, é inevitável que saia da sua boca um repetido e volumoso ¡Hijos de puta! O escritor descreve essa e outras situações do confronto bélico mais letal da história da América Latina pós-colonização com minúcias e dicção de quem domina o período histórico. Seus muitos anos de pesquisa sobre Machado de Assis pavimentaram o caminho, deram a ele o entorno espacial e o vocabulário daqueles verões de transição entre monarquia e república. A escrita na narração onisciente lhe dá a liberdade de justapor documentos e licenças poéticas, vozes múltiplas de personagens reais (e alguns fictícios) que reconstroem Floriano Peixoto para muito além da imagem congelada no topo do monumento ou na nota de dinheiro que não vale mais. O rapaz tímido de pensamentos lascivos sobre a meia-irmã com quem viria a se casar, o jovem militar tão silencioso quanto determinado, o homem que poderia ter voltado para Alagoas, mas teve sua trajetória desviada pela política das condecorações militares. O Floriano dito não mais pelos registros oficiais, mas pelo pai adotivo, por seu preceptor, pelo índio uruguaio de palavras indiscerníveis, pela esposa que era também sua meia-irmã, e pela, enfim, fala truncada da história.

"Revi um pouco do que veio comigo, de longe, de onde venho, de como servi a quem servi e, sobretudo, por quê.”

O convite fora feito pelo Ministério do Trabalho pouco depois da boa repercussão que teve o seu segundo romance, publicado em 2012: O sonâmbulo amador, um livro sobre um homem-sintoma das doenças modernas e sua forma de resistência no delírio. Chamaram o escritor para fazer um conto inspirado em um dos vários casos de disputa entre a classe trabalhadora e empresas que terminaram sendo multadas por motivos de exploração. Surgia assim Os móveis do mundo, texto que foi parar no livro O verso dos trabalhadores. Lá estavam a personagem da cozinheira e do senhor advogado que a ajudou a ganhar a causa contra uma rede de fast food. Também estavam o filho do advogado, Ramil Jr., e a figura do professor, a epítome do intelectual de frases feitas e opiniões sobre tudo e sobre todos. Era preciso voltar para esses personagens. Articular a história daquele núcleo de pessoas dos anos 2000, a cozinheira e os homens que mastigavam sua comida, com a queda de Dom Pedro II e a chegada dos marechais ao poder. Identificar, entre as portas fechadas do palácio e a sala de estar da classe média, o mal-estar em comum, o núcleo duro da constituição do ser brasileiro.

“Todo mundo tem uma opinião sobre o mundo, concordam? Mas espalhar opiniões tocando o trombone das redes sociais não é fazer política. Isso é comércio. Comércio de egos em busca de uma fichinha de validação.”

Labéus. Torpes labéus. A expressão está no Hino de Proclamação da República, absolutamente desconhecido por 10 entre cada 10 brasileiros. Na música, diz respeito a construir um presente que nos salve das vergonhosas e imundas desonras do passado. O positivismo redentor a pleno vapor, o discurso pronto da “mudança” em nome da ordem e progresso: “não fale em crise, trabalhe”. José Luiz Passos havia acabado sua peregrinação pelos arquivos da Biblioteca da UCLA, que dispõe de documentos sobre a História do Brasil que, no Brasil, são inacessíveis para quase toda a população. Foram cerca de 40 livros lidos para armar o painel de personagens do romance, tanto os reais quanto os fictícios. Mas, agora, diante dos novos slogans que deixariam o positivista Benjamin Constant orgulhoso, o escritor desce incrédulo a barra de rolagem. As desanimadoras notícias que chegam do seu país, em vez de abater seu corpo já fatigado pelo tratamento da quimioterapia, acabam por ter um efeito tonificante sobre sua escrita e a urgência histórica dela se materializar. Mas já são muitos os lançamentos desse segundo semestre, diz seu editor, melhor esperar. Não, ele sustenta. Tem que ser este ano, é o ano político, o ano do meu câncer, é o meu gol aos 44 do segundo tempo.

“Um ato, um discurso, um acordo, uma aliança abandonada são ao mesmo tempo evidências da coisa pública e traços de uma biografia singular.”

Pedro II e Dilma Rousseff discursaram na cidade de Uruguaina, Rio Grande do Sul. Ele, em 1865, por ocasião do fim da Guerra do Paraguai, saudando a população civil e militar que havia sobrevivido aos anos de embate direto, e ela logo após as fortes chuvas que fizeram o Rio Uruguai inundar cidades do sul do país em julho de 2014. Os anos que separam as duas autoridades e seus púlpitos conduzem o romance a pensar a História não mais como uma linha de tempo cronológico. O tempo é um só, simultâneo, atualizado na memória que conecta tudo sem distinguir o antes e o depois. A História, em O marechal de costas, deve ser como uma sobreposição de eventos ligados uns aos outros numa imagem única. E é por isso que o escritor monta um painel diante de si. Além dos discursos, joga sobre esse plano citações, nomes e datas que, em algum momento, se encontram, e criam então uma textura de linhas que, quando amarram o aqui e o ali, o ontem e o hoje, tornam os acontecimentos históricos indiscerníveis quando são isolados, mas bastante perceptíveis quando compreendidos e sentidos pela contiguidade que apresentam. Portanto, não se trata de uma narrativa de causa e efeito, mas de perceber que a História são as histórias, confusas, complexas, e que se rebatem e nesse movimento reproduzem estranhas repetições.

“Senta-se no chão e pensa, Mudam as circunstâncias, muda o homem?” 

Imperava naquele dezembro de 1879 um clima tenso nas ruas do Rio de Janeiro. A palavra final da coroa sobre a cobrança de uma taxa de 20 réis (hoje equivalente a 20 centavos) para quem fosse usar o transporte público de bondes gerou uma comoção popular. Pedro II não sabia, mas estava próximo de ser deposto e expulso do país em um golpe político, e tentava, em vão, conter a fúria de milhares de pessoas que foram às ruas pedir a extinção do tributo. Quebra-quebra, vandalismo, diz o helicóptero que sobrevoa São Paulo em julho de 2013, os 20 centavos a mais nas passagens de ônibus e metrô rendiam, a princípio, textos furiosos da imprensa. O movimento do Passe Livre pedia, no país inteiro, o fim da máfia dos transportes. Na Cinelândia, Rio de Janeiro, a cozinheira, o Sr. Ramil, Ramil Jr. e o professor levam gás lacrimogêneo na cara. Estavam ali para ver qual era, um passeio para olhar de perto a História acontecendo. Só que a Polícia Militar mirava tudo que não fosse ela mesma. No entanto, as narrativas, por serem sistemas de imagens antagônicas, conseguem facilmente estabelecer surpreendentes viradas para quem domina estratégias de discurso e persuasão das massas. E entre a quinta-feira, 13 de junho, e a segunda-feira, 17 de junho, tudo muda. De repente, “não são só 20 centavos”. De repente, é “o gigante acordou”, hino nacional, bandeira verde e amarela envelopando jovens festivos. A presidenta Dilma Rousseff não sabia, mas aquele seria o começo de um pesadelo político. José Luiz Passos não sabia, mas suas férias no Brasil de 2013, seriam o gatilho para seu terceiro romance.

 

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"E agora estávamos só nós dois, na sala de tevê, no meio da madrugada, vendo o noticiário com imagens em volta do monumento ao marechal, onde o jornalista foi morto, quando de repente ele me falou, É, O.k., vamos deixar que Dilma conclua o governo para o qual foi eleita de-mo-cra-ti-ca-mente.”

Sem disposição para muita conversa e com discreta ironia, a cozinheira tudo observa, e escuta pacientemente as assertivas intelectuais do professor. De poucas palavras, ela é a voz em primeira pessoa que dá um caráter de intimidade ao texto. É no seu relato que ouvimos o longo silvo passando por cima das cabeças, estourando na calçada e despejando o gás que irritava olhos e gargantas de quem estivesse por perto. A Polícia, militar. Sua árvore genealógica volta assim no tempo: subordinação ao Exército nos anos de ditadura, os Corpos Militares de Polícia instituídos na República, os Voluntários da Pátria que forneceram seu efetivo para a Guerra do Paraguai, as Guardas Municipais, a Guarda Real do império, a Guarda Real da Polícia de Lisboa que, por sua vez, tomava como modelo a Gendarmaria Nacional, uma força policial militar da França instituída logo após a Revolução Francesa para assegurar a estabilidade da República. E foi no governo de Napoleão Bonaparte que essa estrutura militar da polícia ganhou força e prestígio.

“Da mesma forma que as ciências técnicas, diz Napoleão, a crônica também merece uma escola para o aprendizado e o exercício do seu ofício.”

Traição. Envenenamento. Não se sabe, ao certo, as tramas por trás da morte de Napoleão Bonaparte, e Floriano Peixoto, leitor voraz de qualquer biografia disponível sobre o líder francês, faz suas próprias conjecturas. Sua obsessão pela figura de Napoleão o acompanha como uma sombra de movimentos próprios. José Luiz Passos parece tentar borrar as margens desses dois homens. Um foi protagonista do Golpe de Estado conhecido nos cadernos de História como 18 de Brumário, o outro foi o vice que se tornou presidente por uma deslealdade diante da própria instituição militar da qual fazia parte. Em Los Angeles, o escritor abre arquivos e livros. Identifica que, após a queda do imperador, o líder natural seria o positivista Benjamin Constant, mas este negou qualquer possibilidade de tomar a presidência. Sobrava para o Marechal Deodoro assumir o governo provisório, com Floriano de vice. Mas o fato é que, no momento em que se convocam as eleições no Congresso, Floriano Peixoto se alia com um civil, Prudente de Morais, em lugar do seu chefe direto, Deodoro. A República brasileira nascia, assim, de um desvio, ou melhor, de um “jeitinho” que, como todo “jeitinho”, é perverso em sua pretensa inocência. Biografia de um país.

“A verdade de qualquer relato mora nos detalhes. Que ano é este, 1815, 1893, 2013?” 

A quimioterapia reduz o número de glóbulos brancos no sangue, o que, por tabela, danifica o sistema imunológico do paciente. E por isso, sua dieta agora exige muita carne de frango, tofu e o que mais tiver proteína para repor os danos da medicação intravenosa. Sua esposa brasileira e seus dois filhos norte-americanos acompanham de perto todo o processo. Há dias que a escola dos meninos, mesmo estando apenas a dois quarteirões de distância da casa, se torna um caminho muito longo. Mas há dias melhores, também. E há igualmente os dias em que, para muito além da fronteira, as notícias que chegam do Brasil entram em uma espiral de desastres políticos. Tudo esgota. Numa conversa com o amigo e professor de História na UFRJ, Felipe Charbel, o escritor ouve as seguintes palavras: “vamos deixar que Dilma conclua o governo para o qual foi eleita democraticamente”, e soletra devagar a última palavra como se ela fosse escapar logo de seu domínio – alguns meses depois ela, de fato, escaparia. No exercício da escrita de um livro que catalisa vozes imperceptíveis da História, José Luiz Passos também prende as frases soltas dos amigos, e vai transformando seu romance em um palimpsesto de citações, discursos, opiniões e, por que não, da própria presença da doença como um elemento de fundo. Seja numa passagem rápida sobre a mãe da cozinheira, seja como um fantasma fundador de duas palavras tão caras e tão maquiadas na formação do Brasil: República e Democracia. Ambas escorrem por entre os dedos.

“Acontece que o país ainda era governado por um marechal de costas e vinte feitores. Nem independência nem liberdade. Pelo menos não podemos mais voltar ao passado. Essa é a eterna obra das revoluções. E Silvino sorri.”

Silvino de Macedo, o cadete que se torna a primeira execução ilegal promovida pelo Estado brasileiro. Foi andando pelo Sebo do Brandão, ali bem perto de onde Clarice Lispector havia morado no Recife, que José Luiz Passos achou esse panfleto sobre um personagem estranhamente sumido dos livros de História. Era mais uma de suas férias no Brasil desde que se mudara definitivamente para a Califórnia para ser professor universitário lá. O pequeno livrinho lhe chama a atenção. Está ali o sujeito que havia se rebelado, praticamente sozinho, contra aquilo que ele dizia ser uma traição à Constituição brasileira que, naquele momento, previa eleições no caso de a presidência estar vaga antes de completados dois anos de mandato. Floriano, o vice, não obedece essas regras. Silvino o intima a renunciar, caso contrário vai disparar fogo contra a cidade do Rio de Janeiro de dentro da fortaleza de Santa Cruz. Não demoraria para que os homens de Floriano Peixoto pegassem Silvino após ele ter dado baixa do Exército. O jovem rebelde é fuzilado por um pelotão num momento em que o Brasil se encontrava em estado de sítio e, nessas condições, não poderia haver execução de um homem civil sem julgamento. Na TV Senado, Dilma fala: “Estamos a um passo da consumação de uma grave ruptura institucional. Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de Estado”. Cinco dias depois de consumada essa já prevista ruptura, o escritor conversa comigo pelo Skype. É uma segunda-feira, 5 de setembro, feriado do trabalhador nos Estados Unidos. No dia seguinte, José Luiz Passos tem mais uma sessão de quimioterapia agendada. A última. O processo de cura é um processo de batalha, de enfrentamento. Em todos os corpos.