I
1972: Silviano Santiago deixa por um ano sua cadeira de Literatura Francesa na State University of New York at Bufallo para dar aulas como professor visitante na PUC-Rio. Após mais de uma década percorrendo diferentes universidades na França, no Canadá e nos Estados Unidos, o crítico, poeta, professor e ensaísta chegava a uma cidade que acumulava o deserto do exílio, o silêncio das prisões e a efervescência da transgressão cultural.
O Rio de Janeiro que Silviano observa naquele momento fora insuflado nos anos anteriores por experiências como os Domingos da Criação, iniciativa de Frederico Moraes no MAM, as colunas de Torquato Neto e sua desconcertante Geleia Geral publicadas no jornal Última Hora, a sequência impressionante de filmes produzidos pela Belair de Júlio Bressane e Rogerio Sganzerla, a chegada dos Novos Baianos na cobertura comunitária da Rua Conde de Irajá em Botafogo, o show de Gal Costa (gravados no disco Fa-Tal) no Teatro Tereza Rachel, as páginas “Underground” de Luiz Carlos Maciel n’O Pasquim, além de jornais experimentais como Flor do Mal, Jornal de Amenidades ou Presença. Tais manifestações se espraiavam na parte mais abastada da cidade e agregavam uma juventude que, nos fluxos de uma indústria cultural pop voltada para o consumo dessa geração, ocupava praias e ruas. Não mais com passeatas políticas, mas ainda com o seu corpo. Outros corpos, outras políticas.
É esse o cenário que emoldura quatro dos 11 ensaios publicados em Uma literatura nos trópicos, nos quais me deterei nas próximas páginas [nota 1]. Me refiro a Os abutres, Caetano Veloso enquanto superastro e Bom conselho, publicados em periódicos de 1973 e O assassinato de Mallarmé, publicado em 1975 [nota 2]. Escritos em tons, abordagens e recortes similares, os quatro ensaios têm como ponto nodal o interesse (nada comum dentre os críticos de então) pelo lugar da escrita e da palavra no âmbito da cultura jovem urbana do país. Para isso, Silviano investiga seus principais eixos criativos do momento: a poesia e a música popular. Suas novas práticas alteravam as bases do campo letrado brasileiro, a partir de novos dispositivos discursivos e performáticos que chamam a atenção do ensaísta.
Os quatro textos são gerados a partir de um princípio que marcará para sempre a obra do crítico mineiro: o compromisso com a produção de seu tempo, mesmo que muitas vezes tal missão seja espinhosa. São quatro textos que nascem, portanto, de uma visada contemporânea que pegava bólides no ar – as vezes queimando os dedos, outras alimentando ainda mais o calor que emanava de seus corpos inflamáveis.
II
No conjunto do livro que agora completa40 anos, tais ensaios sobre o contemporâneo marcam o contraponto exato para entendermos a trajetória de Silviano. Ao lado da apreensão daquilo que não só o pensamento, mas também o corpo alcança, temos desde a análise arguta e radicalmente renovadora de nossa situação pós-colonial, até textos sobre a tradição (Machado de Assis, Eça de Queiroz e José Lins do Rego) ou novíssimos como Sérgio Sant’Anna. Em muitos desses ensaios, Silviano maneja de forma pioneira conceitos vinculados ao pós-estruturalismo francês e seus autores (os quais estudou e ouviu pessoalmente em encontros profissionais, principalmente Michel Foucault e Jacques Derrida).
Se não era muito comum críticos universitários se dedicarem a obras dessa geração em 1972, no caso de Silviano podemos entender sua visada sobre o tempo presente a partir de uma dupla estratégia: atualização e mapeamento. Em momentos de transformação das práticas estéticas e políticas, atualizar as chaves interpretativas e mapear o campo tornam-se tarefas fundamentais do intelectual (tarefas que certamente urge nos dias atuais).3 Provavelmente, sua perspectiva internacionalizada e os anos de distância do cotidiano cultural da cidade e do país tenham contribuído decisivamente para esse ímpeto etnográfico no início da década de 1970 [nota 4]. O crítico, movendo-se entre o rigor e o babado, define o espaço, delineia corpos, aponta linhas de força. Seu método consegue detectar – a partir do tom efêmero de jornais alternativos, da constituição fragmentada e pessoal das entrevistas (base de boa parte dos ensaios aqui citados), dos poemas velozes que passam de mão em mão e dos sons das ruas – o que chama de uma nova sensibilidade.
Nesse sentido, a abordagem cartográfica funciona como se o pesquisador tateasse com rigor e curiosidade o espaço que adentra. Ela também se espraia pelos cursos inovadores que Silviano oferece no Brasil durante esse período. Em 1972, ao mesmo tempo em que o professor dava aulas na PUC-Rio sobre manifestos das vanguardas (tema latente no ensaio Bom conselho), o crítico observava nas ruas, praias e shows a formação de uma ideia de arte cujo vínculo com as vanguardas modernas brasileiras – seja o modernismo antropofágico e brasileiro de 1922, seja o modernismo geométrico e internacionalista dos concretos de 1955 – eram disseminados ou contestados nas pautas do Brasispero de então [nota 5].
Nos quatro ensaios em questão, temos duas perspectivas gerais. Uma, do observador maduro, que olha de fora; outra do investigador informado, que olha de dentro. A primeira se encontra nas definições conceituais sobre as novas formas da juventude urbana lidar com os códigos da cultura do século XX. A partir das variadas formas de texto literário (poesia e na música popular, principalmente), Silviano costura um perfil desse grupo que, na década de 1970, lidava simultaneamente com a recente tradição da ruptura vinda do nosso modernismo e com a cena da contracultura internacional. Já a segunda perspectiva, de alguém que conhece os assuntos desse grupo de muito perto, é constatada pela presença invasiva e instigante de Hélio Oiticica – cujo nome e obra são citados nos quatro ensaios. Essa presença é fruto da aproximação pessoal e das trocas intelectuais entre o crítico mineiro e o artista visual carioca durante o período em que convivem em Manhattan. Ao se mudar para a Babylon em dezembro de 1970, Oiticica fica próximo do professor de Bufallo. O contato produtivo entre os dois, já comentado em diferentes textos pelo crítico, é fundamental para ambos. No caso de Silviano, sabemos que o artista o apresentou a muitos dos meandros da marginália carioca em histórias, cartas e conversas sobre a cidade.
III
Os abutres, Caetano Veloso enquanto superastro e Bom conselho, como dito anteriormente, foram publicados em diferentes veículos durante o ano de 1973. Pelas datas e referências que aparecem nos textos, porém, fica evidente que suas ideias foram gestadas durante o ano anterior. Ao lermos todos em sequência (como são organizados no livro), vemos como os assuntos se atravessam e se iluminam. O tema do “desbunde”, abordado pelo viés literário em Os abutres, retorna no texto sobre o superastro. Se no primeiro o crítico sugere um perfil cultural específico – e nem sempre positivado – para a geração batizada de “desbunde” (que, na escrita de Silviano, torna-se “curtição”), é no segundo que ele precisa o termo flutuante que tanto definia quanto condenava quem fosse associado a ele.
Definição inédita enquanto conceito operacional até então, a curtição é a palavra encontrada naquele momento para o crítico enfeixar situações criativas e existenciais como “sensibilidade de uma geração, sensação, estado de espírito, conceito operacional, arma hermenêutica, termômetro, barômetro, divisor de águas”[nota 6]. Já o desdunde, na perspectiva do contexto observado, seria “um espetáculo em que se irmanam uma atitude artística da vida e uma atitude existencial da arte, confundindo-se” [nota 7]. O primeiro se refere ao campo do sensível (uma nova regra de apreensão do objeto artístico e de suas práticas estéticas), o segundo, ao campo do performático (um novo uso do corpo artístico).
Na leitura de Silviano, o modelo de superastro proclamado por meio da figura de Caetano Veloso se arraigava em outras frentes nessa geração da curtição e do desbunde. Se alguns dos poetas chamados então de “marginais” não eram astros com a fama e o poder do compositor baiano, eles também se instalaram para além da linha que separava o poeta, ser da criação, do funcionário público, ser da profissão [nota 8]. A geração do superastro é também a geração em que poetas fazem a opção radical de existir, até o limite possível, da matéria poética escrita e falada. Na poética da “curtição” proposta por Silviano em 1973, poetas e artistas em geral não escapariam da armadilha experimental de serem “a imagem viva de sua mensagem artística” [nota 9].
São esses corpos do happening e do palco permanente que se tornam abutres do lixo cultural do ocidente e assassinam Mallarmé em prol de um paradigma sonoro-televisivo, deslocando a letra e sua força política para um espaço em que o corpo – transgressor, hedonista, consumista e consumível – ocupa o proscênio. É a cultura jovem de então que Silviano mapeia e investiga, citando revistas e jornais ou dividindo papos ouvidos nas ruas (basta ler o primeiro e vertiginoso parágrafo de Os abutres). Para executar sua tarefa, coloca em jogo um aparato teórico renovador na ampliação das intepretações geralmente rasas sobre aquele momento. Ao contrário de constatar inerte e afásico um “vazio cultural” (termo nostálgico cunhado por Zuenir Ventura em 1971), ele injeta potências e aponta impasses no fluxo criativo que se desenrola ao seu redor.
As potências ficam evidentes não só na dedicação em destacar trabalhos de iniciantes (Waly, Gramiro, Chacal, Charles ou José Vicente) à luz das principais linhas de força da produção cultural brasileira até então (como o modernismo de 1922, a poesia concreta paulista ou o corte tropicalista de 1968), como na afirmação de que tais nomes instauravam um novo “período de sensibilidade aguda” no país. Já os impasses podem ser resumidos no que ele chamou de “silêncio teórico” dessa geração [nota 10]. Nesse ponto, Silviano sugere que a ausência de uma reflexão crítica, no âmbito das novas sensibilidades do período, se manifesta no pouco caso com o papel teórico-especulativo das ideias em prol dos efeitos da arte produzido pelas obras-acontecimentos. Isso se manifesta na ausência de perguntas mais ambiciosas sobre a realidade nacional por parte do artista jovem ou então no “não falar” presente em entrevistas marcantes como as de Caetano Veloso e Gilberto Gil ao voltarem do exílio.
Na leitura de Silviano, tal silêncio (de perguntas e respostas), configurava um desvio do enfrentamento teórico sobre os papéis políticos em jogo ou sobre possíveis interpretações de seus trabalhos recentes. Ao mesmo tempo, não enfrentar esses desdobramentos no âmbito da recepção pública podia ser uma estratégia para escapar de leituras rapidamente necrosadas no discurso histórico (da arte, da política) em detrimento da efemeridade inapreensível no evento/palco da obra. É o dilema sintetizado na imagem do intelectual dividido entre a biblioteca e a rua, entre a interpretação e o acontecimento. A estratégia do silêncio teórico nas entrevistas e poemas faz do ego criador um motor de falas pessoais cuja verdade não é mais ideológica e, sim, comunitária. Aqui, em contracanto aos argumentos de Silviano, é possível ouvir ao fundo a frase de Waly Salomão, também em uma entrevista, mas já em 1979: “A História pode talvez não ser um pesadelo, mas a historiografia político-cultural-literária certamente sempre será” [nota 11].
Em 1973, portanto, Silviano já aponta algo que elaboraria de forma mais apurada anos depois: o papel fulcral da entrevista como gênero que desloca o debate sociológico (interpretativo, analítico, político do ponto de vista mais ortodoxo) para o debate antropológico (personalista, conselheiro, cotidiano, relativo). Uma estratégia em que “o entrevistado evita cuidadosamente o objeto que justifica a própria entrevista” [nota 12]. Vemos a situação em que o superastro não permite a sacralização – e politização – de sua produção. Na estética da curtição, o objeto que se torna oficial perde o caráter marginal – caráter esse que define sua materialidade, sua circulação, seu vocabulário, sua ética e sua recepção. Ser “contra a interpretação”, para usarmos o termo famoso de Susan Sontag, era ser contra o desmonte crítico da performance permanente entre palco (ou poesia) e vida. Ainda seguindo o rastro sugerido por Silviano, a armadilha da curtição contracultural e de suas práticas comportamentais (indefinição estética dos gêneros, alimentação macrobiótica ou esoterismos, por exemplo), era a transformação dos mesmos em um tipo de fala pública carente de pensamento crítico e plena de conselhos superficiais.
IV
Dentre qualquer geração, porém, existem exceções. Em meio a curtidores e superastros, há os autores e artistas que reivindicaram rigores críticos a despeito dos atravessamentos entre arte, comportamento e pensamento. São principalmente os poetas, artistas e intelectuais que, de um jeito ou de outro, mantiveram ligações com o paideuma concreto de São Paulo e seus desdobramentos dos anos de 1960 e 1970 (livros como A arte no horizonte do provável ou as Galáxias de Haroldo de Campos, Equivocábulos ou Colidoeuscapo de Augusto de Campos, além de seus estudos sobre Duchamp, ou o trabalho dedicado a Mallarmé, feito pelos dois e por Décio Pignatari). Waly Salomão, Torquato Neto e Hélio Oiticica, por exemplo, mantiveram tais laços intelectuais e conseguiram produzir rigor experimental em meio a vidas estetizadas. Eram criadores que rejeitavam a hippielândia carioca e a ideia do desbunde, pois, segundo Waly, a mesma refletia “o olhar reificador do sistema” [nota 13].
Em O assassinato de Mallarmé, Silviano já tem condições de, após três anos de sua estadia carioca, ampliar o escopo crítico de sua primeira aproximação. É quando já consegue perceber as nuances internas daquilo que a visada cartográfica do primeiro momento articulou em chaves positivas, como a efetivação de uma literatura ligada ao contexto internacional da contracultura (mesmo com atraso), e em chaves negativas, como a ausência de reflexão crítica e o ego exacerbado dessa cultura jovem. Em 1975, Torquato Neto já havia se suicidado, Oiticica vivia a fase mais profunda e solitária de sua estadia em Manhattan, revistas como Navilouca e Pólen já haviam sido publicadas e Caetano Veloso abalara sua condição consagrada de superastro com o disco radical Araçá Azul.
O que Silviano viu embrionariamente em 1972 – os livros mimeografados que começavam a circular – torna-se, três anos depois, divisor de águas na confirmação daquela sensibilidade criativa cujo resultado já estava posto. Ele aponta, dentre a geração de então, o ocaso das vanguardas modernistas, com exceção da presença renovada de Oswald de Andrade através do tropicalismo. Essa passagem, um “gesto generoso de ingratidão” dos mais novos com as vanguardas construtivas da década de 1950, valoriza os poemas curtos e os manifestos provocadores de Oswald em detrimento dos planos-pilotos e de seu lastro livresco. A partir dessa constatação, o ensaísta indica que os rigores formais e aparatos teóricos estavam em baixa dentre os poetas que se estabeleciam em um circuito informal de publicação, distribuição e circulação. O crítico buscava apontar as modulações geracionais do ponto de vista da seleção do acervo poético disponível (1922, 1945, 1955) e as consequências de cada escolha na produção de versos e publicações.
Nesse contexto, O preço da passagem, segunda incursão do poeta carioca Chacal no formato mimeógrafo, torna-se objeto de uma leitura ácida sobre a qualidade material e poética daquele momento. O comentário de Silviano, porém, é muito mais voltado para o esvaziamento crítico da figura pública do poeta do que propriamente para a qualidade dos poemas feitos. Nesse “assassinato de Mallarmé”, o poeta superastro da curtição está em plena produção, fazendo do objeto livro uma quimera frente à informalidade do envelope de papel pardo. Para girar a faca no peito de qualquer filiação das vanguardas concretas, os mimeógrafos de Copacabana promovem a fusão plena de poema e poeta nas falas públicas de eventos da Nuvem Cigana como as “Artimanhas”. O livro vira corpo, a escrita vira fala.
No ano seguinte do ensaio de Silviano, Heloísa Buarque de Hollanda publicava sua já clássica antologia (já são mais de 40 anos) 26 poetas hoje e colocava numa mesma cena o contexto dessas poéticas da primeira metade dos anos 1970. Com exceção dos poemas de Waly e Torquato, é possível constatar o quadro sugerido pelo crítico. Como nos outros ensaios citados, ele aponta o excesso de “peripécias inusitadas de uma vida em perigo”, que faz com que o ego – do músico consagrado ou do poeta da fala – oscile entre o silêncio sobre a situação política opressora e a transformação da experiência pessoal em opressão autorreferente. Vale lembrar que em 1970 Silviano lançava Salto, primeiro livro de poemas cuja matriz concreta dava o tom de suas experimentações com a linguagem. A cena dos novos poetas no Rio, portanto, estavam muito distantes do rigor inventivo que o crítico dialogava. O “assassinato de Mallarmé” é o esgotamento da palavra escrita enquanto valor livresco e formalista em prol de uma palavra falada enquanto valor imediato e absoluto. No palco, o poeta que fala seus versos dá o tiro no peito do lançador de dados.
V
Anos depois, quando o livro foi publicado, Silviano afirmou que nem todos dessa geração – sejam curtidos, sejam concretos – concordaram com suas ideias. Mesmo quando há uma visada retrospectiva (o livro é de 1978 e muitos dos temas são de 1972), não é fácil ser figura no mapa alheio. Vale lembrar que o final da década de 1970 estava pleno de polaridades políticas e culturais na antessala da redemocratização. Em entrevista para o já citado livro Anos 70 – Entrevistas, o crítico faz uma leitura positiva de seus quatro ensaios aqui citados, ao afirmar que, aos poucos, seus temas foram incorporados no meio acadêmico. Sintetiza a empreitada no desejo de demarcar duas frentes: a “fragmentação definitiva do antigo experimentalismo dos anos 1950” e a ascensão da moderna música popular dentre os estudos de literatura. Silviano teve uma sensibilidade de quem, após passar anos fora do país, reconhece suas transformações mesmo quando nada parecia acontecer. Olhos atentos, ouvidos abertos, ideias atuais e o desejo de, ao contrário dos dilemas dos poetas, abraçar, ao mesmo tempo, a biblioteca e a rua.
NOTAS
[nota 1]. O nome completo do livro, lançado pela editora paulista Perspectiva em 1978, é Uma literatura nos trópicos – ensaios sobre dependência cultural. Foi o primeiro volume de críticas publicado por Silviano Santiago.
[nota 2]. O primeiro foi publicado originalmente com o título Os abutres: a literatura do lixo na revista Vozes (janeiro), o segundo nos Caderno de Jornalismo/Comunicação (janeiro/fevereiro) e o terceiro no Suplemento Literário de Minas Gerais (7 de março). Já O assassinato de Mallarmé foi publicado no suplemento literário do Jornal do Brasil.
[nota 3]. Em entrevista concedida a mim e a Sergio Cohn, feita em fevereiro de 2009 e publicada em 20111 pela editora Azougue na série Encontros – Silviano Santiago, o crítico afirma que “O mapeamento, que é o flerte das artes com a etnografia, ficou muito nítido nas décadas de 1970 e 1980, e foi rico porque nós estávamos vivendo uma determinada situação política, social, econômica que não estava prevista nos manuais”. (p.213)
[nota 4]. Vale lembrar que naquele período se expandia dentre as universidades a antropologia urbana, cujo trabalho de Gilberto Velho em estudos como Nobres e anjos é outro exemplo desse ímpeto etnográfico dentre a juventude urbana carioca dessa época.
[nota 5]. Expressão cunhada por Torquato Neto.
[nota 6]. SANTIAGO, Silviano. “Caetano Veloso enquanto superastro” in: Uma literatura nos trópicos – ensaios sobre dependência cultural. São Paulo: Perspectiva, 1978, p.123.
[nota 7]. Idem, 142.
[nota 8]. Aqui, claro, uso a figura do poeta-funcionário público que marca profundamente a poesia modernista brasileira, em contraste com o poeta em tempo integral (e vida precária) dos anos 1970. Para um debate mais amplo sobre a poesia marginal desse período, conferir COELHO, Frederico. “Quantas margens cabem em um poema?”. In: FERRAZ, Eucanaã. (Org.). Poesia Marginal – Poesia e Livro. São Paulo: Instituto Moreira Sales, 2013, p. 11-41.
[nota 9]. SANTIAGO, Silviano. Op. Cit. p. 150.
[nota 10]. Idem, p. 156.
[nota 11]. Esta entrevista se encontra no livro Anos 70 – Literatura, volume da coleção edita em 1979 pela FUNARTE e Europa Empresa Gráfica e Editora. Com pesquisa coordenada então por Adauto Novaes, 19 pesquisadores fizeram panoramas sobre música popular, teatro, cinema, televisão e artes plásticas. O volume de literatura foi editado por Heloísa Buarque de Holanda, Armando Freitas Filho e Marcos Augusto Gonçalves.
[nota 12]. SANTIAGO, Silviano. Op. Cit. p. 160.
[nota 13]. Frase retirada da mesma entrevista de 1979 citada anteriormente.