Mat. Capa Clarice 1 Luisa Vasconcelos dez.20

 

Na madrugada de 31 de março de 1964, o general Olympio Mourão Filho, comandante da 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais, atropelou a linha de frente da conspiração que pretendia derrubar o governo de João Goulart. Decidiu descer sozinho com sua tropa em direção ao Rio de Janeiro para tomar de assalto o Ministério da Guerra e depor o presidente da República. Era uma típica quartelada — o general Mourão tinha pressa, estava próximo da compulsória e procurava um atalho capaz de potencializar seu papel na chefia da conspiração. O governador de Minas, Magalhães Pinto, por sua vez, sonhava com a presidência da República em 1965, sabia que tinha poucas chances de disputar a indicação do seu partido, a União Democrática Nacional (UDN), com o governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, e sustentou o plano de Mourão apostando aumentar o próprio cacife político: planejava declarar Minas em secessão, negociou secretamente o reconhecimento de Washington e pretendia oferecer aos conspiradores a base ideal para uma campanha militar fulminante. Deu tudo errado. Mourão acabou neutralizado pelas lideranças empresariais e militares que, de fato, iriam ocupar o poder e rapidamente absorveram a quartelada em um golpe de Estado bem-sucedido — “em política, eu sou uma vaca fardada”, concluiu desolado o general quando se deu conta do acontecido.

Na gigantesca base militar de Norfolk, na Virgínia, sede do Comando Supremo das Forças Armadas dos EUA na Zona do Atlântico e onde está estacionada a Frota Naval do Atlântico, uma força-tarefa aguardava autorização para se movimentar em direção ao Brasil. Agrupava um porta-aviões de ataque pesado, o Forrestal, um porta-helicópteros, um posto de comando aerotransportado, seis contratorpedeiros — dois deles equipados com mísseis teleguiados — 110 toneladas de armas e de munição, e quatro navios petroleiros bélicos carregados com 550 mil barris de combustível. A força-tarefa integrava a Operação Brother Sam, um amplo plano de ação preparado secretamente em Washington com a cumplicidade de militares brasileiros para providências de apoio aos golpistas. Tinha previsão de zarpar a 1º de abril e orientação de se dividir em três ao atingir águas brasileiras: uma parte dos navios devia chegar ao porto de Santos, em São Paulo, outra ao Rio de Janeiro e a terceira à praia de Carapebus, perto de Vitória, no Espírito Santo. Não havia opção de desembarque de tropas norte-americanas; a determinação era de apoio logístico, sobretudo caso houvesse resistência prolongada.

O levante mineiro assustou os conspiradores e precipitou os acontecimentos. O plano original era outro: a movimentação de tropas teria início em São Paulo, ocorreria provavelmente na noite de 10 de abril, e dependia da finalização da costura entre os principais comandos militares. Não dava mais tempo. Ainda na madrugada de 2 de abril, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, promoveu uma sessão conjunta secreta do Congresso Nacional e declarou vaga a presidência da República. João Goulart permanecia em Porto Alegre, em território brasileiro — portanto, no pleno exercício de seus poderes —, e a declaração não tinha sustentação legal. Diante dos protestos veementes de diversos parlamentares — inclusive Tancredo Neves, que avançou para a mesa aos gritos de “canalha, canalha” e, ao que tudo indica, se ninguém segurasse, estava disposto a esbofetear o presidente do Senado —, Moura Andrade não titubeou: cortou o som, desligou as luzes do Congresso e consumou o golpe. Logo depois, um Tancredo esbaforido informou aos jornalistas: “Estão entregando o Brasil a vinte anos de governos militares”.

Seis meses antes de tudo isso acontecer, em setembro de 1963, a escritora Clarice Lispector regressou ao Brasil, depois de uma rápida viagem para participar de um congresso literário na Universidade de Austin, no Texas. A vida pessoal tinha entrado numa fase difícil, tanto sentimental como familiar — “tudo complicado”, ela diria anos depois. Um problema leva a outro, e Clarice andava atormentada quanto à sua capacidade literária. Já tinha se passado muito tempo desde a finalização de seu último livro, A maçã no escuro, concluído em 1956. Por outro lado, ela estava de volta ao Rio de Janeiro, a cidade que iria consolidar sua reputação e a qualidade da sua escrita. Alugou um apartamento no Leme, um “bairro fim de linha”, como costuma dizer o carioca, já que por lá não se chega a nenhum outro ponto da cidade. O bairro é um recuo geográfico espremido entre o mar e uma sequência de morros — Leme, Urubu e Babilônia —, com jeito de balneário do interior. Clarice instalou-se de vez, abriu a tampa de máquina de escrever e começou a produzir furiosamente. Para sua própria surpresa, conseguiu materializar um romance intitulado A paixão segundo G.H. e um punhado de contos e fragmentos narrativos reunidos na coletânea A legião estrangeira.

Muitos anos depois, em 1976, Clarice revelou, em uma entrevista, que escreveu A paixão segundo G.H. em borbotões, durante pouco menos de um ano — ela iniciou a escrita provavelmente em setembro ou outubro de 1963 e deu o texto por encerrado em algum momento ao final do primeiro semestre de 1964. E publicou quase imediatamente: o livro chegou às livrarias em setembro daquele ano pela Editora do Autor, fundada por dois amigos próximos a ela, Fernando Sabino e Rubem Braga. Contudo, a recepção foi fria: em dezembro, o Jornal do Brasil trouxe uma resenha assinada pelo escritor Walmir Ayala, e foi só. A paixão segundo G.H. ganhou vida com o passar do tempo. Nos anos seguintes, a obra iria conquistar cada vez mais popularidade, até ser reconhecida pela crítica literária como um dos grandes romances brasileiros do século XX.

A paixão segundo G.H. é um livro estranho, irritante, perturbador. A estupefação e a repulsa provocadas pela história de uma mulher trancada num apartamento, em um quarto de empregada, na companhia de uma barata, engolem o leitor e a crítica. É difícil não se fixar no transe patético da personagem, na sua falta de identidade e em sua descida ritual ao fundo primitivo dos sentimentos e das paixões. Mas o horror, a degradação e as emoções negativas são também recursos explosivos nas mãos de uma escritora. Eles podem fornecer à ficcionista a possibilidade de dar forma concreta ao espanto que sentimos em face do mundo ou diante do que acontece à nossa volta, argumenta o filósofo Ernst Bloch. São sinais de prefiguração de futuro. Surgem bem abaixo dos nossos olhos, podem começar em casa, e aparecem nos pequenos detalhes, no corpo de um personagem e em suas sensações descritos no entrecho de uma narrativa.

É só um palpite, mas convenhamos: a escala de sentimentos contraditórios que acompanha o transe da personagem de Clarice cresceu entre os brasileiros em igual medida que a chegada da ditadura começou a ser compreendida. A paixão segundo G.H. não alude em nenhum momento à conjuntura nacional, não está a serviço do acontecimento histórico e nem é o caso de se fazer uma leitura política do livro — a ambição da autora é outra. Mas, se a intensidade própria dos afetos acompanha e oferece potência aos conflitos e rupturas da vida política de uma sociedade, ela também pode dar ao enredo do livro um contraponto: enquanto ocorre o descortino íntimo da personagem em seu espaço privado, alguma coisa está se formando lá fora, no mundo público — só que nesse caso vai engolindo tudo, movido pelo paralelismo que a ficção sugere.

Pela primeira vez, Clarice escreveu um texto na primeira pessoa e o livro tem enredo breve. Numa cobertura do Rio de Janeiro, a personagem, nomeada apenas pelas iniciais G.H., enfrenta um problema doméstico: arrumar o quarto de serviço desocupado pela empregada que, na véspera, tinha pedido demissão. Mas na linguagem de Clarice acontecimentos minúsculos sempre podem vir a deslanchar, em paralelo, a temporalidade vivida pela sociedade. E na maneira como ela concebe o modo de ver de G.H., não é difícil ao leitor identificar, quase de imediato, a presença do que os historiadores chamam “tempo da obra”, o contexto intelectual e político que confere sentido à narrativa: a sociedade de raiz escravista, historicamente violenta e autoritária, hierarquizada e espantosamente desigual. “Não era de surpreender que eu a tivesse usado como se ela não tivesse presença”, espantou-se G.H ao se referir à empregada, da qual recorda o nome com dificuldade. E acrescentou: “sob o pequeno avental, vestia-se sempre de marrom escuro ou preto, o que a tornava toda escura e invisível — arrepiei-me ao descobrir que até agora eu não havia percebido que aquela mulher era uma invisível”.

O livro estava certo e a conexão que ele estabelece é dupla. O modo de ver da personagem está referido tanto no passado de uma sociedade fundada na escravidão, quanto no debate acirrado que conduziu a conjuntura do país a um contexto de extrema polarização política. O programa das Reformas de Base, apresentado pelo governo João Goulart, ameaçava as bases de sustentação do poder das elites, tinha viés distributivo de renda e vocação socialmente inclusiva. A reforma agrária, por exemplo, avançava sobre o latifúndio e impactava a produção e a renda do campo; a reforma urbana interferia no crescimento desordenado das cidades, planejava o acesso à periferia e combatia a especulação imobiliária; a reforma bancária previa uma nova estrutura financeira sob controle do Estado; a reforma eleitoral poderia alterar definitivamente o equilíbrio político, com a concessão do direito de voto ao analfabeto — cerca de 60% da população adulta — e aos soldados; a reforma do estatuto do capital estrangeiro regulava a remessa de lucros para o exterior e estatizava o setor industrial estratégico; a reforma universitária acabava com a cátedra e reorientava o eixo do ensino e da pesquisa para o atendimento das necessidades nacionais.

O Comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, ocorreu numa sexta-feira, 13 de março de 1964, e foi cuidadosamente preparado inclusive na simbologia — o palanque montado na praça havia sido utilizado por Vargas nas cerimônias do Estado Novo (1937─1945) — para escancarar o apoio da sociedade às Reformas de Base. Mobilizou uma multidão estimada entre 150 e 200 mil pessoas e durou quase nove horas, com exatos 13 discursos — incluindo os de lideranças nacionais do campo das esquerdas, como Leonel Brizola e Miguel Arraes. Jango foi o último a falar, discursou de improviso e acertou no tom e na emoção: a hora das Reformas havia chegado; basta de conciliação, declarou.

O troco partiu de São Paulo. No dia 19 de março, uma multidão saiu da Praça da República, e marchou compacta até a Praça da Sé carregando faixas, bandeiras e uma profusão de rosários — para salvar o Brasil de Jango, de Brizola e do comunismo, gritavam em coro. A Marcha da Família com Deus pela Liberdade teve o apoio explícito do governador do estado, Adhemar de Barros, e foi cuidadosamente preparada pela União Cívica Feminina, um dos muitos grupos de mulheres organizadas em todo o país para fazer pressão política, ganhar aderência na sociedade e desestabilizar o governo reformista de Goulart. Reuniu entre 500 e 800 mil pessoas e tinha dois objetivos: servir como resposta ao Comício da Central do Brasil e como eloquente apelo da sociedade à intervenção das Forças Armadas. 

A Marcha parou São Paulo. Era a evidência espetaculosa de que havia se consolidado uma frente de oposição ao governo, com forte capacidade de mobilização e composição social heterogênea. Na origem dessa frente existia uma combinação de fatores. A compartilhada aversão de largos setores da sociedade ao protagonismo crescente dos trabalhadores urbanos e rurais, sobretudo depois de 1945, foi um desses fatores. Dinheiro curto e futuro incerto foi outro fator: acendeu o ativismo das classes médias urbanas, capazes de perceber que um processo radical de distribuição de renda e de poder por certo afetaria suas tradicionais posições e privilégios naquela sociedade brutalmente desigual. A combinação de motivos também ajuda a entender a intensidade e a extensão do movimento. Entre 19 de março e 8 de junho de 1964, uma multidão marchou com Deus contra João Goulart — ou, após 31 de março, para comemorar a vitória do golpe que depôs seu governo — em pelo menos 50 cidades do país, incluindo as capitais e cidades de pequeno ou médio porte.

O “tempo da obra” oferece ao romance um lugar alternativo de intensa visibilidade para enxergarmos algo daquilo que se passa no mundo histórico. Mas A paixão segundo G.H. não se esgota nisso; os indícios de uma temporalidade que se desenrola em paralelo e conecta, de diferentes maneiras, o espaço íntimo da personagem e o mundo público dos brasileiros podem ser outros e mais largos. É possível que o livro permita ao leitor apreender alguma coisa sobre a experiência da solidão e do silêncio — algo próprio à atmosfera de um país girando em falso por falta de chão firme.

Uma solidão é um lugar deserto. “Antes de entrar no quarto, o que era eu?”, indaga a personagem de Clarice. O quarto de empregada é um espaço seco, um vazio todo limpo, até mesmo hostil — “o quarto era o retrato de um estômago vazio”, constata G.H. Mas com um detalhe surpreendente: ele “parecia estar acima do próprio apartamento, como um minarete”. Tem mais: a claridade entrava ofuscante por uma janela jamais fechada, a cidade imensa se descortinava à vista e os dois lugares pareciam se comunicar quase diretamente.

No entrecho do romance, a solidão é uma vida despovoada. No seu espaço íntimo, G.H está enclausurada. Contudo, quanto mais somos empurrados para a solidão, observa o filósofo Newton Bignotto, menos somos capazes de nos ver como partes de uma comunidade e menos somos capazes de visar algo a que possamos chamar de bem comum. Essa guinada em direção à solidão, o isolamento que será exigido pelos militares e aos poucos dominará os cidadãos, a coerção sobre as instituições democráticas — será isso que se vê da janela desse quarto-minarete?

Em 1964, os brasileiros não escolheram a solidão; ela lhes foi imposta. O primeiro Ato Institucional foi redigido em segredo e promulgado oito dias após o golpe. Vinha assinado pelo autoproclamado Comando Supremo da Revolução, tinha onze artigos e colocava de pé os principais mecanismos de dominação. Transferia parte dos poderes do Legislativo para o Executivo, limitava o Judiciário, suspendia as garantias individuais e autorizava ao presidente da República cassar mandatos, cancelar os direitos políticos do cidadão pelo prazo de dez anos e demitir funcionários públicos civis e militares. Nas primeiras semanas após o golpe haviam sido instaurados 763 Inquéritos Policial-Militares (IPMs) para investigar as atividades de funcionários civis e militares na administração pública. Em um ano de atividade, 10 mil réus e 40 mil testemunhas foram submetidos a inquéritos que revelavam completo desprezo pelas regras de justiça.

O Ato Institucional forneceu aos generais o instrumento jurídico que permitiu, em 1964, encarcerar milhares de pessoas, além de improvisar áreas de detenção em estádios de futebol — como o Caio Martins, em Niterói — e em ginásios esportivos. Ou ainda, transformar embarcações da marinha mercante e da marinha de guerra em prisões (os casos dos navios Raul Soares, Canopus e Custódio de Mello). Também liberou a execução de manobras policial-militares de detenção em massa, com bloqueio de ruas, busca de casa em casa e checagem individual, que ocorreram durante o ano de 1964 em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco — cerca de 50 mil pessoas acabaram detidas nessas manobras, conhecidas como Operação Limpeza.

Na tarde de 11 de abril de 1964, o Congresso Nacional se reuniu novamente para eleger o presidente da República. Os principais deputados do campo das esquerdas já não estavam lá: seus direitos políticos foram extintos por um período de dez anos e, na véspera, havia sido publicada a primeira lista com os nomes dos parlamentares cujos mandatos haviam sido “cassados”, uma expressão pejorativa para nomear os atingidos — outras listas viriam em sequência, perfazendo 400 cassações até março de 1967. O que sobrara do Congresso participou de uma eleição indireta onde só havia um candidato, o general Humberto de Alencar Castello Branco. O voto era nominal e era preciso pronunciar de viva voz — apenas 72 deputados tiveram a coragem de se abster, entre eles, Tancredo Neves e San Tiago Dantas. A experiência democrática da Segunda República (1946─1964) foi feita em pedaços, o governo dos militares iria durar 21 anos e o Brasil acabava de ingressar numa longa ditadura.

A literatura é ardilosa. E é preciso tomar cuidado com os escritos de Clarice. Seu propósito é o de atalhar o leitor do caminho central da narrativa, levá-lo a enveredar por um desvio, até se deparar com aquilo que de algum modo já está acontecendo, ao nosso lado, e em algum ponto do horizonte distante. Talvez isso ocorra em A paixão segundo G.H. Quem sabe, então, não apareça de súbito, no entrecho do romance, um descaminho que revele ao leitor algo do modo concreto como a atmosfera do Brasil se apresentava aos sentidos, e como se potencializava nela o tempo do futuro? Não é que a literatura consiga ver mais — mas ela ajuda a ver mais intensamente. Nem é preciso exagerar muito na fantasia. Até mesmo porque a História é sempre pior — e melhor — do que conseguimos imaginar. Mas uma coisa é certa. A paixão segundo G.H. ajuda a dar forma ao que vemos e ouvimos hoje.

 

* Leia mais sobre o centenário de Clarice: A paixão não autoriza visitas rápidas, texto assinado pelo escritor Julián Fuks; Clarice, obra intelectual e sensível, pelo crítico e escritor Evando Nascimento.

Referências

Benjamin Moser, Clarice, uma biografia. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

Clarice Lispector, A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Georges Minois, História da solidão e dos solitários. São Paulo: Editora Unesp, 2019.

Jamie Owen Daniel e Tom Moylan, Not yet: Reconsidering Ernst Bloch. New York: Verso Press, 1997.

José Castello, “O golpe e o choque”. Observatório da Imprensa, edição 792, 1 de abril de 2014.

Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, Brasil: Uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

Maryvonne Lapouge e Clelia Pisa, Brasileiras: Voix, écrits du Brésil (Essais). Paris: Editions des Femmes, 1977.

Nádia Battella Gotlib, Clarice, uma vida que se conta. São Paulo: EdUSP, 2013.

Newton Bignotto, “Apatia e desolação nas sociedades contemporâneas”. Em: Adauto Novaes (org.), Mutações: A outra margem da política. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2019.

Silviano Santiago, “A aula inaugural de Clarice”. Em: Wander Melo Miranda (org.), Narrativas da modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.