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Em Estrela distante, pela primeira vez, o alter ego Arturo Belano dá as caras. Talvez o autor tenha decidido “se esconder” atrás de um personagem por conta das inúmeras referências autobiográficas presentes no texto. Aqui, Bolaño encara de frente o trauma do Golpe de Pinochet. Uma novela que inquieta o leitor ao ironizar com um dos principais arquétipos da literatura, o duplo. Os espelhos de Borges nunca estão distantes de nós.
Putas assassinas é a melhor coleção de contos do autor. Um deles, O olho Silva, promove uma espécie de homenagem ao nonsense emocional que encontramos muitas vezes na obra de Cortázar. Vale destacar o silêncio sufoconte de Gómez Palacio, em que o narrador lembra uma temporada de penúria numa cidade do interior mexicano.
Os fãs mais ardorosos de Bolaño costumam colocar Detetives selvagens no topo das obras essenciais do autor. Mas é em 2666 que ele melhor mostra como sabe criar um universo de histórias labirínticas, que nos lançam num verdadeiro buraco negro. E mais: 2666 parece defender uma perigosa teoria estética por trás das suas assustadoras narrativas de mortes.
A Companhia das Letras está devendo lançar no Brasil não apenas a obra poética de Bolaño, também esse volume reunindo textos curtos, autobiográficos, e alguns comentários sobre literatura. Entre paréntesis traz a língua ferina típica do autor para analisar tudo ao seu redor. Não deixe de conferir sua crítica destruidora em relação aos exilados que ficam choramingando saudades de uma pátria que talvez tenha deixado de existir.
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