OHara inedito mai17

 

 

Três poemas do norte-americano Frank O'Hara (1926-1966), em tradução de Paulo Henriques Britto e Beatriz Bastos. Integram o livro Meu coração está no bolso, da Luna Parque, uma seleta poética do autor em edição bilíngue. A obra será lançada no dia 23 de maio, no Olho da Rua (rua Bambina 6, Botafogo - Rio de Janeiro). 

 

***

 

 

A MEU PAI MORTO

Tradução: Paulo Henriques Britto


Não me chames não pai

onde quer que estejas sou

teu filhinho ainda

correndo no escuro eu não


poderia fazer o que dizes

nem mesmo se escutasse

tuas rosas não crescem mais

meu coração é negro como o


canteiro delas os delicados

espinhos viraram essa minha

barba incômoda que espeta

não deves pensar em flores


E não assustes meus olhos

azuis com brilhos castanhos

não engrosses meus lábios quando

encaro meu espelho não peças


que eu seja senão esse

teu filho estranho a entender

milagres menores não a morte

pai estou vivo! pai


perdoa às rosas e a mim

 

 

HOJE

Tradução: Beatriz Bastos

Ah! cangurus, paetês, milk-shakes!

Que beleza! Pérolas, gaitas,

jujubas, aspirinas! todas essas

coisas sobre as quais sempre se fala


ainda fazem de um poema uma surpresa!

Elas estão conosco todos os dias mesmo

que em casamatas e catafalcos. São coisas

com sentido. São fortes feito pedra.

 

 


PARA BILL BERKSON
(OLHANDO OUTRA VEZ PARA SÁBADO À NOITE)

Tradução: Beatriz Bastos

 

O que você deseja está debaixo da sua pele

                                                                                debaixo da sua pele.

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