torta

após a agonia vem o alívio
em camadas bem dispostas:
cadáveres, desníveis

ah, se as coisas palpáveis
marcassem encontros
com as coisas possíveis

 

sem querer elisa

sem querer elisa
tropeça no tapete
a caminho da cozinha
à meia-noite

sem querer elisa
esqueceu as calcinhas
lavadas no banheiro
há 3 semanas

sem querer elisa
no quarto da frente
borrifa saliva
nas folhas

 

 

passé composé

subiu as escadas
pra perguntar sobre as palavras
derrubadas pelo meu sotaque

afirmei que meu amor é
enorme, um móbile
perdido entre arandelas;

disse que meu amor é
firme, retorna com maçãs
e canela nas pernas;

se perguntasse sobre a
fertilidade, os perni-
longos, a falta de sorte,

responderia que meu amor é
forte, chacoalha as árvores
sempre que parte.

 

resultado da busca

melhor não
falar nada

a imaginar por
horas você triste
no ônibus

as pessoas rindo
da sua camisa
de banda

eu rindo
da sua camisa
de banda

eu rindo
das suas
camisas todas

melhor não
falar nada

a ficar procurando
seu nome
no google

 

Ana Guadalupe é autora do blog welcomehomeroxy.interbarney.com e publicou a coleção de poemas Relógio de pulso, pela 7 Letras

 

 Confira a nossa segunda matéria de Inéditos: Lívia Garcia-Roza

após a agonia vem o alívio
em camadas bem dispostas:
cadáveres, desníveis

ah, se as coisas palpáveis
marcassem encontros
com as coisas possíveis

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