
O poeta Edimilson de Almeida Pereira lançará, na Flip 2017, o livro qvasi: segundo caderno (Editora 34). Trazemos hoje dois poemas do livro, extraídos da segunda parte (são três), intitulada Missivas.
Na Flip, Edimilson participará da mesa "Arqueologia de um autor", com Beatriz Resende e Felipe Botelho Corrêa. O poeta também lança, na ocasião, dois livros de ensaios: Orfe(x)u Exunouveau e A saliva da fala (ambos pela Azougue).
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OFÍCIO
Tatear a origem 
é iludir-se.
O escrito, à mercê 
do que foi dito, 
inaugura outro país.
O que se dá nos mapas 
em forma 
de província, urbe 
& melhorias
não é senão um caco 
de palavra.
A origem ressona 
grave, 
sem nação ou pacto. 
Há quem a leve
no bolso, em crimes 
que nos deserdam.
Outros a curtem sob a 
forma de bois de aluguel. 
Ou a costuram em óleos 
santos.
Mas há os ferinos e seu 
humour 
que tira o minério 
das conchas.
Por eles a origem despista 
rendas, misérias 
e outros benefícios.
Pela origem 
somos-não-somos. 
Espécie que escreve 
para esquecer.
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FILOLOGIA
Em Trindade a dor escolhe 
uma fissura para dizer 
o nome — falsa armadura.
Há os que lhe fornecem 
comida em louça que fala 
francês aos pequis.
O nome tartamudeia. 
Sua maestria é esconder-se 
nos criados-mudos.
Porém, ante o sacrifício, 
nem salvas nem atritos. 
Nem iras.
Nada tira ao corpo 
seu prazo imperceptível.