Nova edição de Um estudo em vermelho nos lembra o início do fanatismo por Mr. Holmes
Aos 122 anos, o detetive inglês Sherlock Holmes dispensa apresentações. Goste-se ou não do investigador britânico, o personagem criado por Conan Doyle continua sendo um fenômeno literário mundial, impulsionando a vendagem de milhares de livros e servindo como objeto de estudo de uma legião de aficcionados, que mantém clubes, associações e grupos de discussão em torno dos métodos e dos casos do “velho Holmes”.
Prova disso é a reedição pela Zahar de Um estudo em vermelho, romance que deu origem ao mito, e que é considerado o “Gênesis” da saga sherlockiana, desde que foi lançado em 1887.
Para os que já leram e releram o título - e que devem estar se perguntando que novidade pode haver nisto - um adendo: não se trata apenas da publicação da história, mas de uma edição que a editora classifica como “definitiva”, reunindo mais de 250 notas sobre o universo sherlockiano, além de 70 ilustrações originais, retiradas de revistas e edições impressas no final do século 19 e começo do século 20.
O formato do livro deixou de ser álbum, e voltou ao tradicional, o que na verdade se traduz como uma mera readequação de mercado, uma vez que os volumes anteriores dessa coleção, rebuscados e ainda mais elaborados do que o lançamento, chegavam às livrarias com preços bem salgados.
O texto é um clássico entre os clássicos sherlockianos. Mostra como o detetive ficou amigo do seu inseparável Doutor Watson, o célebre médico que acompanha Holmes em todas as aventuras e que foi o responsável pela criação do jargão mais que manjado: “Elementar, meu caro Watson!”
Mostra, ainda, como Sherlock Holmes instalou-se na famosa Baker Street 221-B – rua e números verdadeiros, e que depois do sucesso da série tornou-se ponto turístico, local de reunião e fanáticos e, finalmente, Museu Sherlock Holmes.
O livro também “apresenta” o leitor às esquisitices do detetive, como fumar cachimbo, fazer palavras cruzadas, tocar violino, realizar experiências químicas, entre tantas outras facetas da sua oscilante personalidade. Todas comentadas, à exaustão, por Leslie S. Klinger, cuja vida foi dedicada a analisar e investigar os livros de Conan Doyle.
Quanto à trama, apesar de inventiva, quando comparada aos romances policiais modernos, deixa muito a desejar. Em Um estudo em vermelho tem-se, para variar, um caso misterioso, mas sempre um pouco inveromissímil, com uma solução sem pé nem cabeça. Ou seja: mais de um século depois, as tramas de Conan Doyle ainda divertem, mas já não convencem tanto os leitores de romances policiais. Quanto a Sherlock, continua esbanjando charme, com seus cacoetes e carismática personalidade.