Uma boa entrevista com um escritor é quase como uma nova ficção, uma ficção paralela à, digamos assim, “oficial”. Fundada em Nova York, em 1953, para estimular a difusão de obras de ficção e poesia, a Paris Review é uma das publicações literárias mais respeitadas no mundo e especialista em extrair grandes revelações dos autores. A Cia. das Letras acaba de publicar o segundo volume das suas entrevistas, reunindo desta vez um time dos mais consideráveis, como John Cheever, Elizabeth Bishop, Julio Cortázar (foto) e Milan Kundera. É bom ver grandes gênios como Arthur Miller, por exemplo, darem sinais das suas fragilidades diante do texto. É o caso da sua declaração: “Só muito raramente consigo sentir num conto que estou no controle, como sinto quando escrevo para o palco. Então estou no local de melhor visão — é impossível uma sustentação maior. Tudo é inevitável, até a última vírgula. Num conto, ou em qualquer tipo de prosa, não consigo fugir da sensação de certa arbitrariedade.”
Declarações “roubadas”
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- Categoria: Resenhas