Estrela é uma versão feminina de Paulo Leminski?
— Não, eu acho que Estrela é uma versão feminina de si mesma. Claro, existe uma questão de um ramo, uma questão de vivência, uma questão até de uma inquietude parecida. Então, acho que existe uma perspectiva que é um ramo de Paulo Leminski, mas também é um ramo muito importante de Alice Luiz. Acho que existe, sim, um resultado, que é um resultado mais de vivência do que outra coisa. Mas, enfim, de qualquer forma, eu gosto muito da perspectiva, seja um ramo, seja uma versão, de realmente trazer uma visão feminina mesmo da multiplicidade da arte.
Poesia, música, e agora uma narrativa em prosa. O quanto se sente à vontade e completa em cada um desses gêneros?
— Eu sempre me senti completamente dividida na música e na poesia. Sempre uma apaixonada, desde criança, apaixonada por essas duas facetas e muito interessada, inclusive, nos tangenciamentos mesmo de uma e da outra. O meu mestrado foi justamente sobre o texto como dispositivo criativo para ideias melódicas e musicais. Então, essa questão e essas fronteiras, o que elas têm em comum e o que elas não podem se encostar nunca, porque a música, enfim, a rigor, não é uma linguagem, mas ela compartilha de alguns elementos. Eu acho que sempre fui uma apaixonada por esses dois lados e sempre tive fases em que estava mais conectada com uma coisa ou outra. E a prosa, de alguma forma, me atropelou dentro de uma inquietude mesmo. Eu acho que quando esse livro nasceu, entendi que precisava trabalhar com o universo da prosa mesmo. No meu primeiro impulso, eu fiquei completamente preocupada, insegura, questionando e fui fazer cursos de escrita criativa e mergulhei fundo num processo longo com a Julia Funk, que é doutora em escrita criativa na PUC Rio Grande do Sul e a da ESC, Escola de Escrita, e lá entendi, inclusive, que todos esses elementos que acabam entranhados em mim da musicalidade, no que eu faço, tanto musicalmente quanto poeticamente, quanto às minhas questões de quebra e visualidade dentro da poesia, também poderiam ser bem-vindas num livro de prosa. E isso fez com que eu ficasse bem mais à vontade de quebrar alguns protocolos dentro até do que é um formato clássico de romance.
Venda avulsa na loja da Cepe Editora