Milton Hatoum é eleito para a Academia Brasileira de Letras

Descrito pelo presidente da ABL como o melhor escritor brasileiro vivo da atualidade, manauense era largamente favorito, e foi eleito com 33 dos 34 votos disponíveis para a cadeira de número 6

O escritor Milton Hatoum foi eleito nesta quinta-feira, dia  14, para a Cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Escolhido por 33 dos 34 votos disponíveis, ele vai suceder ao jornalista e escritor Cícero Sandroni, que morreu em junho passado. Milton Hatoum é considerado, atualmente, o maior escritor brasileiro vivo. Por sua temática, ele é também conhecido como um “tradutor’ da Amazônia, sempre presente nos seus romances. 

O nome de Milton Hatoum foi destacado pelo presidente da ABL, Merval Pereira.  “Ele é o maior escritor brasileiro vivo e é um romancista de primeira ordem, vai ser muito útil para a gente, já colabora muito com a Revista Brasileira, agora vai ter a oportunidade de colaborar mais ainda.”, afirmou.

Recém-empossada, a jornalista Miriam Leitão, que pela primeira vez participou de uma eleição na ABL,  disse que Hatoum é um grande romancista, de primeira grandeza e categoria da literatura brasileira. “Chega trazendo todos os ecos do Brasil. Um Brasil que vem da Amazônia. A literatura dele é riquíssima, belíssima”.

O acadêmico Ruy Castro também comemorou a eleição de Hatoum: “Grande contribuição, grande romancista, representante de uma geração de ficcionistas. A Academia sempre teve gente de diversas origens, de todos os lugares, como João do Rio, Pedro Lessa. É uma geração mais jovem que está chegando e tem uma grande contribuição a dar.”

Além de romancista, Hatoum é contista, ensaísta, tradutor e professor universitário. Em 1989, seu primeiro romance, Relato de um Certo Oriente, publicado pela Companhia das Letras, ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e foi adaptado para o cinema com o mesmo nome.

Milton nasceu em 19 de agosto de 1952, em Manaus (AM). É escritor, professor e tradutor e publicou oito livros, como Dois irmãos’ (que se tornou minissérie pela Globo em 2017 e lhe rendeu um Prêmio Jabuti), Relato de um certo oriente’ e Cinzas Do Norte

Além de Hatoum, estavam inscritos Eduardo Baccarin-Costa, Cezar Augusto da Silva, Antônio Campos, Paulo Renato Ceratti e Angelos D’Arachosia. A votação terminou com 33 votos para Hatoum e um voto para Antônio Campos.

Trajetória

Milton Hatoum nasceu em Manaus, em 1952. Em 1968, mudou-se para Brasília. Morou toda a década de 1970 em São Paulo e diplomou-se em arquitetura na FAU(USP).

 Em 1980 morou em Madri, como bolsista do Instituto Ibero Americano de Cooperación. Entre 1981 e 1983 morou em Paris, onde cursou mestrado em literatura latino-americana. De 1984 a 1998 foi professor de língua e literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas.

 Foi professor visitante da Universidade da California (Berkeley) e da Sorbonne, bolsista da Fundação Vitae (1988), da Maison de sÉcrivainsÉtrangers (Saint-Nazaire/França) e escritor residente das Universidades Yale e Standford e do International Writing Program (Iowa/EUA). 

 Em 2000, publicou o romance Dois irmãos (indicado para o Impac-Dublin Literary Award, 2004), eleito o melhor romance brasileiro no período 1990-2005 em pesquisa feita pelos jornais Correio Braziliense e O Estado de Minas.

O título foi publicado na Argentina, Alemanha, China, Espanha, Estados Unidos, Itália, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Líbano, Portugal, República Tcheca e Sérvia. 

 Em 2005, o romance Cinzas do Norte obteve o Prêmio Portugal Telecom, Grande Prêmio da Crítica/apca-2005, Prêmio Jabuti/2006 de Melhor Romance, Prêmio Livro do Ano da CBL e Prêmio Bravo! de Literatura. 

 Em 2008, publicou seu quarto romance, Órfãos do Eldorado (Prêmio Jabuti –2º lugar na categoria Romance). Foi adaptado para o cinema (direção e roteiro de Guilherme Coelho). Em 2009, lançou o livro de contos A cidade ilhada, que inspirou o filme O rio do desejo, dirigido por Sergio Machado.

 Em 2013, publicou Um solitário à espreita, uma seleção de crônicas publicadas em jornais e revistas.  Em 2017 Hatoum foi nomeado Officier de l’Ordredes Arts et des Lettres pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da República Francesa.

Milton Hatoum também recebeu o Prêmio Juca Pato/Intelectual do ano (União Brasileira dos Escritores/UBE/2018) pelo romance A noite da espera - primeiro volume da trilogia O lugar mais sombrio. Ainda em 2018 recebeu em Paris o Prix Roger Caillois 2018 pour la Littérature Latino-Américaine (Maison de l’Amérique Latine/PenClub France).

 Em 2019, lançou Pontos de fuga, segundo volume da trilogia O lugar mais sombrio. Em parceria com o filósofo e crítico literário Benedito Nunes, publicou Crônica de duas cidades: Belém e Manaus (2006/Secult-PA), a ser relançado pela Companhia das Letras, editora das obras do autor.

 Os livros de Hatoum já ultrapassam 500 mil exemplares vendidos foram publicados em 17 países. Em outubro, a Companhia das Letras publicará Dança de enganos, último volume da trilogia O lugar mais sombrio.