Vai ter Macunaíma no sambódromo desvairado de São Paulo

Esritor modernista Mário de Andrade é homenageado em desfile da Mocidade Alegre

O poeta, contista, cronista, romancista, musicólogo, historiador de arte, crítico e fotógrafo brasileiro Mário de Andrade pode até não parecer, mas era um apaixonado pelo Carnaval. Ele gostava da folia com seus bailes, carros alegóricos, corsos, lança-perfumes, confetes e serpentinas. Nada mais justo do que o pesquisador que viajou o país para estudar a música e as danças brasileiras ganhe uma homenagem da Escola de Samba Mocidade Alegre, que leva ao sambódromo do Anhembi o samba-enredo “Brasileia Desvairada – A busca de Mário de Andrade por um país”. O desfile ocorre neste sábado (10/2).

O autor do clássico “Macunaíma”, de “Pauliceia Desvairada”, “Clã do Jabuti” e “Danças Dramáticas do Brasil” investia em fantasias personalizadas e até deixou de visitar Manuel Bandeira para participar das festas no Rio de Janeiro. “Mário adorava o Carnaval!”, escreve o pesquisador Carlos Costa, em “Escritores são humanos - Histórias cotidianas da literatura brasileira” (Cepe Editora, R$ 70). “E não era apenas como espectador, não. Fantasiava-se e caía na folia! Para a brincadeira daquele ano de 1917, Mário desenhou uma fantasia personalizada de pierrô, pediu à sua tia Nhanhã para costurá-la e foram os dois comprar um cetim verde-alface caríssimo. Depois de pronta a fantasia, agora era esperar a folia que já se anunciava nas ruas da cidade”.

Em carta ao poeta pernambucano Manoel Bandeira, o folião Mário de Andrade comentou a delícia de brincar o Carnaval no Rio, que renderia depois o longo poema “Carnaval carioca”.

“Meu Manuel… Carnaval!… Perdi o trem, perdi a vergonha, perdi a energia… Perdi tudo. Menos minha faculdade de gozar, de delirar… Fui ordinaríssimo. Além do mais: uma aventura curiosíssima. Desculpa contar-te toda essa pornografia. Mas… Que delícia, Manuel, o Carnaval do Rio. Que delícia, principalmente, meu Carnaval!”